A pandemia de Covid-19 foi cruel com o Airbus A380. Nos primeiros meses da crise em 2020, quase todos os modelos do tipo foram aterrados devido a suspensão generalizada de voos internacionais por todo mundo e as medidas de isolamento social, que afastaram os passageiros. Em pouco tempo, o avião gigante com mais de 500 assentos ficou sem utilidade. Mas o pior já passou.
Com a retomada da demanda por transporte aéreo, sobretudo em voos internacionais, o A380 está passando por um momento de recuperação, contrariando as expectativas anteriores sobre o seu futuro. Nos últimos meses, aparelhos que muitos pensaram que jamais voltariam a voar estão sendo preparados para retornar ao serviço.
É o caso dos “superjumbos” da companhia aérea alemã Lufthansa, que desistiu de aposentar suas aeronaves gigantes e agora se prepara para recuperar parte da frota a tempo de aproveitar a alta temporada do verão europeu, a partir de junho de 2023. A Korean Air e a Asiana Airlines, ambas da Coreia do Sul, também vivem uma situação semelhante e trabalham na reativação de seus A380.
Quantos A380 estão em serviço?
Um levantamento realizado pela plataforma de rastreamento de voos em tempo real FlightRadar24, publicado na terça-feira (28), mostrou que naquele dia mais da metade da frota global de Airbus A380 estava de volta ao serviço. Ao todo, a página contou 129 aeronaves ativas com sete companhias aéreas.
Maior cliente do A380, a Emirates Airline lidera a lista com 88 modelos ativos, o que representa 68% das aeronaves do tipo em atividade. Na sequência, aparecem a British Airways com 12 modelos em serviço, a Singapore Airlines com dez, a Qatar Airways com oito, Qantas Airways com quatro, China Southern Airlines com três e Asiana Airlines e Korean Air com dois modelos ativos cada.
Quantos A380 ainda podem voltar ao serviço?
Enquanto um avião comercial é mantido estocado, em espera ou à venda, sempre há alguma chance de que ele volte a voar. Segundo o levantamento do FR24, 100 A380 aparecem listados com esses status.
A companhia com mais aeronaves do tipo estocadas é a Emirates, que mantém 34 jatos armazenados. A empresa aérea de Dubai, no entanto, dificilmente deve reativar todas essas aeronaves, uma vez que ela trabalha na renovação de sua frota optando por aviões mais eficientes, como o Airbus A350 e o Boeing 787 – e futuramente o novo Boeing 777-9.
A Lufthansa aparece na lista com 14 jatos A380 “em espera”, dos quais seis exemplares serão recomprados pela Airbus – e possivelmente serão desmantelados. A empresa alemã ainda não divulgou se pretende reativar os oito modelos remanescentes em sua frota ou apenas parte deles.
Último cliente do A380, a companhia japonesa ANA comprou três exemplares do avião de dois andares, mas quase não teve tempo de utilizá-los plenamente em função da pandemia. Em comunicado recente, a empresa informou que vai reativar pelo menos um aparelho em outubro na rota entre Tóquio e o Havaí.
Outra empresa que está experimentando uma fase de retomada nos voos de longo curso, a australiana Qantas Airways retirou recentemente dois A380 do armazenamento e os enviou para a manutenção, indicando que esses modelos poderão voltar ao serviço em breve.
A maior questão em aberto são os 10 A380 armazenados pela Etihad Airways. Ao contrário dos demais operadores do avião da Airbus, a empresa de Abu Dhabi até o momento não comentou sobre qual será destino de suas aeronaves.
Por fim, há duas empresas que colocaram seus A380 à venda, embora não tenham surgido por ora interessados em comprá-las. A Thai Airways, da Tailândia, tenta vender dois de seus seis quadrimotores que estão estocados, enquanto a Malaysia Airlines, da Malásia, anunciou todos os seus seis aparelhos.
Quantos A380 foram retirados totalmente de serviço?
A lista do FR24 também mostra a quantidade de A380 que foram retirados de serviço ou que estão inativos. São 22 aeronaves nessas condições e trazê-las de volta a atividade é inviável.
Por enquanto, a companhia aérea que tomou a medida mais drástica em relação ao A380 foi a Air France. Em 2020, no auge da pandemia, a empresa francesa anunciou a retirada completa de seus dez jatos do tipo e descartou qualquer possibilidade de reativá-los em algum momento, mesmo com a eventual recuperação do setor aéreo.
O primeiro operador do A380, a Singapore Airlines também foi a primeira companhia aérea a retirar de serviço exemplares da aeronave, um movimento iniciado pela empresa antes da pandemia, em 2017. Dos 24 modelos adquiridos pela empresa, cinco deles já foram retirados de serviço – um desses aviões, inclusive, já foi desmantelado.
Na frota da China Southern Airlines, o A380 está em clima de despedida. A empresa chinesa, dona de cinco aeronaves do tipo, já retirou de serviço dois aparelhos e confirmou que vai aposentar os demais até o fim deste ano.
A Emirates, por sua vez, tem dois A380 listados como retirados de serviço e outros dois inativos. Outro ex-operador da aeronave, a companhia de wet-lease Hi Fly aposentou seu único aparelho em 2020 após experimentar o quadrimotor como cargueiro adaptado por um curto período de tempo.