A desenvolvedora de aviões elétricos Ampaire, da Califórnia, afirma ter realizado o voo mais longo com uma “aeronave comercialmente relevante empregando propulsão elétrica”. O avião da empresa é o EEL (Enguia, em inglês), que realizou uma viagem de quase 600 km pelos céus dos EUA.
O protótipo construído pela Ampaire é um bimotor Cessna 337 Skymaster de seis lugares modificado com um motor elétrico no nariz um propulsor convencional na traseira. Segundo a empresa, no dia 12 de outubro a aeronave decolou do Aeroporto de Camarillo ao norte de Los Angeles às 12h20 e seguiu até Hayward, onde pousou às 14h52. A distância percorrida pelo avião foi de 545 km
Durante a viagem de duas horas e 32 minutos, o EEL voou a velocidade de cruzeiro de 213 km/h e alcançou 2.590 metros (8.500 pés) de altitude. “A missão foi um voo cross-country tão normal que poderíamos imaginar aeronaves eletrificadas sendo fabricadas todos os dias daqui a alguns anos”, disse Justin Gillen, piloto de testes da Ampaire, que completou o percurso acompanhado do engenheiro de voo Russell Newman.
O teste foi realizado com o segundo EEL modificado pela Ampaire, que voou pela primeira vez em 10 de setembro de 2020. De acordo com a empresa, a aeronave modificada realizou 23 voos e somou mais de 30 horas de voo em 28 dias, com 100% despachabilidade.
“Nosso sucesso em levar esta aeronave em um curto período do ambiente de teste para o ambiente operacional normal e diário é uma prova de nosso desenvolvimento e organização de teste e da maturidade dos sistemas que alcançamos com nossa segunda aeronave”, disse Doug Shane, diretor geral da Ampaire. “A capacidade de colocar tecnologias elétricas inovadoras no ar rapidamente, a fim de avaliá-las e refiná-las, é fundamental para a estratégia da Ampaire de apresentar aeronaves de baixas emissões para companhias aéreas regionais e operadores fretados em apenas alguns anos.”
Próximo destino: Havaí
O avião em fase de testes com a Ampaire foi apelidado de “Hawai’i Bird”, uma vez que o aparelho fará ainda neste ano uma série de voos de demonstração com a Mokulele Airlines, empresa sediada no Hawai que realiza rotas de curta distância com aviões de pequeno porte.
De acordo com a empresa, os ensaios no Havaí ajudarão a definir a infraestrutura necessária para a adoção de aviões elétricos e híbridos por companhias aéreas e aeroportos. Essas demonstrações de voo também serão as primeiras realizadas por uma aeronave movida a eletricidade voando com uma autorização especial de “Pesquisa de Mercado” da FAA, a agência de aviação civil dos EUA.
Em Hayward, o avião híbrido será parcialmente desmontada e enviada ao Havaí. Os testes de voo no arquipélago no Pacífico são financiados em parte pela Elemental Excelerator, uma “incubadora” empresas de tecnologia em prol do meio ambiente com sede em Honolulu. O projeto da Ampaire também é acompanhado por equipes da NASA e da força aérea dos EUA.
Mais projetos em vista
A Ampaire afirma que o EEL pode gerar uma economia de combustível e emissões de até 50% em rotas regionais curtas, onde a unidade de propulsão elétrica da aeronave pode funcionar em potência total. Em rotas mais longas, equilibrando o uso dos motores, a eficiência é de 30%, como foi o voo de Camarillo para Hayward.
“O EEL é nosso primeiro passo no desenvolvimento de novos projetos de aeronaves elétricas”, disse Kevin Noertker, CEO da Ampaire. “Nossa próxima etapa será um programa de retrofit híbrido-elétrico de um avião de 19 assentos que reduzirá as emissões e os custos operacionais, beneficiando as transportadoras regionais, seus passageiros e suas comunidades.”
O segundo projeto de avião híbrido antecipado pelo CEO da Ampaire é o Eco Otter SX, uma aeronave com motorização híbrida baseada no bimotor DHC-6 Twin Otter equipado com mais dois motores elétricos. Mais adiante, a empresa quer construir um avião comercial totalmente elétrico, o Tailwind.
Nota do editor: em tempo, a startup francesa VoltAero também está desenvolvendo um avião com motorização híbrida aproveitando a plataforma do Cessna 337.
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