Duas forças aéreas que já entraram em conflito há quatro décadas nas Malvinas/Falklands passaram por situações opostas em dias recentes. A Royal Air Force (RAF) concluiu a operação com os turboélices C-130J Hercules em 4 de junho enquanto a Força Aérea Argentina recebeu dois dias depois um C-130H, variante mais antiga da aeronave da Lockheed Martin.
Mais popular avião de transporte militar da história, o Hercules está em serviço desde 1956 e continua a prestar serviços valorosos em muitos países, inclusive o Brasil.
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No entanto, algumas forças aéreas têm buscado outras soluções para realizar missões de transporte tático, busca e salvamento e reabastecimento aéreo, entre outras.
É o caso da RAF, que operava a versão mais atual do Hercules, o C-130J, desde 1999. Em 2021, no entanto, o Reino Unido decidiu retirar o turboélice de serviço por contenção de custos.
Seu substituto será o A400M, da Airbus, uma aeronave com o dobro da capacidade do Hercules e que é designado Atlas C.1 na RAF.
A Royal Air Force concluiu a última missão oficial do Hercules quando uma aeronave do 47º Esquadrão voou de Akrotiri, no Mediterrâneo, para a base aérea de Brize Norton em 4 de junho.
A despedida do C-130J, entretanto, deve ocorrer em 17 de junho, durante as Comemorações do Desfile de Aniversário do Rei em Londres quando três aeronaves farão uma passagem em baixa altura.
“Nova” velha aeronave
No hemisfério sul, a situação foi oposta. Com restrições orçamentárias há vários anos, a Força Aérea da Argentina incorporou um C-130H Hercules, o sétimo da frota, unidade repassada da Guarda Aérea Nacional dos EUA e com 34 anos em serviço.
A chegada do turboélice, no entanto, foi motivo de celebração, com a presença do Ministro da Defesa do país, Jorge Taiana, e do Chefe do Estado-Maior General, Brigadeiro General Xavier Isaac.
Exibindo a matrícula TC-60 “Pioneros de la Aviación Militar”, o Hercules foi tratado como uma “nova” aeronave, apesar da idade – a Lockheed começou a produzi-lo em 1974 como uma versão mais potente do C-130E.
Assim como outros exemplares em serviço, o C-130H TC-60 receberá um kit de modernização antes de executar missões.
Interesse no KC-390 ficou pelo caminho
A sobrevivência do C-130H na Argentina contrasta com a situação do vizinho Brasil, onde o Hercules está prestes a ter seus quatro últimos aviões desativados.
A Força Aérea Brasileira (FAB) e a Embraer desenvolveram o jato KC-390 Millennium para substituir o veterano turboélice desde 2019. Foram encomendadas 19 aeronaves, seis das quais já entregues.
A Argentina, inclusive, deveria ter sido um cliente do C-390, do qual é parceiro no projeto. A empresa Fadea (antiga FMA/FAMA) produz componentes da aeronave como o cone de cauda, a porta de carga e dos trens de pouso.
Em 2010, a Força Aérea Argentina demonstrou interesse em adquirir seis C-390 mas um acordo nunca foi assinado.