A Embraer realizou nos últimos dias seu Media Day 2024, um tradicional encontro com representantes da imprensa em sua sede no Brasil.
O evento é oportunidade para esclarecer vários temas sobre os planos da empresa, mas desta vez os rumores sobre o desenvolvimento de um novo avião comercial capaz de competir com o Boeing 737 e o Airbus A320 criaram mais dúvidas.
Já esperando pela pergunta, o CEO Francisco Gomes Neto afirmou ao site Simple Flying que “estamos sempre estudando oportunidades para novos produtos, não apenas na área comercial, mas também em todas as outras unidades de negócios. Podemos fazer produtos diferentes, mas neste momento não temos planos concretos para fazer um avião maior.”
Já segundo o jornal Valor Econômico, a declaração foi que “temos capacidade de fazer um avião maior, temos estudos, mas, no momento, estamos focados em vender os aviões que temos, melhorar nossa lucratividade e ter condições de fazer mais após 2030.”
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Em suma, Gomes Neto não disse nada de novo a não ser admitir que sim, a Embraer está fazendo sondagens e estudos sobre uma aeronave de fuselagem estreita, mas não, até aqui são apenas isso, estudos.
A resposta ambígua acabou dando margem para várias manchetes conflitantes em artigos publicados nos últimos dias. Há os que viram aí a confirmação de que a Embraer “estuda começar a produzir aviões maiores” e os que entenderam que não há qualquer projeto ou intenção no momento.
Ações em alta e expectativas otimistas
O jogo de palavras de Francisco Gomes Neto não parece aleatório. Para a Embraer aparecer na mídia como uma potencial competidora de Boeing e Airbus é sempre uma oportunidade para atrair holofotes em um momento em que a empresa precisa fechar mais pedidos da família E2.
Até aqui apenas 306 encomendas firmes foram fechadas, total que subirá para 326 aeronaves com o acordo recente com a Mexicana de Aviación.
O próprio CEO da Embraer evitou a discrição ao revelar que há conversas para encomendas oriundas de LATAM e da Gol, companhias aéreas que até aqui ignoraram os produtos da fabricante local.
Em meio à coletiva, Gomes Neto ressaltou mais uma vez o grande mercado potencial dos E2, família de jatos com 110 a 146 assentos.
Em sua visão, as linhas de montagem sobrecarregadas da Boeing e da Airbus fazem dos jatos brasileiros uma alternativa rápida para renovar ou expandir frotas de aeronaves.
Não por menos ele afirma que há mais de 200 potenciais vendas desses jatos, mas até aqui pouco disso tornou-se real por enquanto.
A despeito disso, as ações da Embraer dispararam em 2024, com valorização de 80% até o momento. Há um otimismo generalizado com a empresa, seja na divisão de aviação comercial, onde está o maior faturamento, seja em segmentos como defesa e aviação executiva.
O que não se pode esquecer é que expectativa otimista tem um limite: é quando elas demoram a ocorrer ou acabam não se confirmando.