O Ministério da Defesa da Romênia anunciou na última sexta-feira (15) a suspensão das atividades de voo dos caças MiG-21 LanceR da Força Aérea Romena. Ao mesmo tempo, Bucareste informou que tomou medidas para acelerar o processo de compra de 32 jatos F-16 de segunda mão da força aérea da Noruega.
A autoridade romena diz que a medida foi tomada devido a “incidência considerável de eventos e acidentes” com os antigos caças de origem russa. No mês passado, um MiG-21 romeno caiu no leste do país a cerca de 100 km da fronteira com a Ucrânia. A missão de resgate para encontrar o piloto também resultou em tragédia, com a queda do helicóptero de busca na mesma região. Os dois acidentes deixaram oito militares romenos mortos.
O Ministério ressaltou que a suspensão dos MiG-21 não afeta as missões de policiamento aéreo no país e que elas continuam sendo operadas por um esquadrão de caças F-16 – são 17 jatos, 14 modelos F-16A e três F-16B, adquiridos de Portugal em 2006.
Sobre a chegada de mais caças F-16 (modelos A e B) de estoques da Noruega, o gabinete de defesa da Romênia informou que o projeto de aquisição das aeronaves passou pela fase de transparência legislativa e deve ser apresentado ao parlamento romeno em breve.
Com a chegada de mais 32 caças, o Ministério da Defesa pretende formar três esquadrões com modelos F-16 da força aérea romena. O comunicado cita ainda que as aeronaves devem ser operadas por no mínimo 10 anos e servirão de transição para os F-35 de quinta geração – a Romênia ainda negocia a compra da aeronave de última geração.
Herança soviética com upgrade de Israel
Os caças MiG-21 são uma das últimas peças da herança soviética na força aérea da Romênia, que recebeu os primeiros aparelhos em 1963. Nesse tempo, o país era um dos membros da extinta aliança militar do Pacto de Varsóvia, liderado por Moscou.
Após a queda da União Soviética, a Romênia fortaleceu seus laços com o Ocidente até entrar para a OTAN, em 2004. Com os novos aliados, as forças romenas passaram a renovar seus arsenais com equipamentos ocidentais, embora num ritmo reduzido por falta de verbas.
Sem recursos para adquirir novas aeronaves, a força aérea romena optou na década de 1990 por renovar os MiG-21, por meio programa LanceR desenvolvido pela israelense Elbit Systems. Entre 1993 e 2002, 110 caças da frota romena passaram pela atualização, que incluiu aviônicos digitais e sistemas de armas de maior alcance.
O Ministério da Defesa da Romênia não comentou se a suspensão dos voos com os MiG-21 tem relação com o conflito em curso na Ucrânia contra forças russa. Todavia, com o perigo na fronteira ao lado, a compra dos F-16 da Noruega, em negociação desde 2021, agora pode ser um assunto urgente no país.