Rondônia vira “patinho feio” para a aviação após indústria de processos afastar Gol e Azul

Judicialização excessiva provocada por processos movidos por passageiros com ajuda de escritório de advocacia especilizados obrigou empresas aéreas a reduzir malha no estado
Jato Embraer da Azul em Rondônia (GERO)

O Aeroporto Internacional de Porto Velho, em Rondônia, respondeu por 0,5% do tráfego aéreo de passageiros no Brasil, segundo a ANAC, mas é no estado da região Norte onde estão concentrados milhares de processos judiciais movidos por passageiros contra as empresas aéreas.

O estranho fenômeno foi revelado por uma reportagem do site G1 após a Azul Linhas Aéreas anunciar a redução da malha aérea no estado, por conta do alto nível de processos judiciais contra ela.

Segundo o site, entre janeiro de 2022 e junho de 2023, foram abertas quase 25 mil ações contra companhias aéreas, dois terços delas envolvendo a Azul, que voava de Porto Velho para cidades como Manaus, Vilhena e Cuiabá.

Os motivos para tantos processos envolvem cancelamentos e atraso de voos, mas há também pedidos de indenização por dano moral. Em comum, esses processos são intermediados por escritórios de advocacia especializados em defender passageiros.

Siga o AIRWAY nas redes: Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter

A alta possibilidade de receber algum tipo de indenização na Justiça do estado parece estimular reclamações já que dos 15 mil processos movidos contra a Azul apenas 10% deram ganho de causa à companhia aérea.

Diante da insegurança jurídica, a empresa e também a Gol anunciaram a redução dos voos que atendem a região. Esta última encerrou o voo entre Porto Velho e Manaus e mantém agora uma frequência para Brasília (DF). A LATAM, que voa para Brasília e Guarulhos, manteve sua operação normal.

A Gol também reduziu a malha no estado (Gol)

Veja nota da Gol:

A Gol informa que, na comparação de sua malha aérea de julho/23 x maio/23, reduziu em 48% a oferta de assentos no Estado de Rondônia e cancelou os voos de Porto Velho para Manaus. A alta judicialização enfrentada pela companhia em Rondônia é um fator decisivo para o encolhimento das operações da Gol no Estado e, ainda, um desestímulo para a manutenção dos serviços. Neste momento, não há previsão para retomar a oferta em Porto Velho“.

Confira a nota da Azul:

A Azul informa que realizou, recentemente, adequações na frequência da malha da companhia em Rondônia. As alterações ocorreram principalmente devido ao elevado índice de judicialização no Estado, o mais alto do Brasil, o que aumenta o custo da operação na região.

A companhia esclarece ainda que está em contato com os diversos entes dos poderes públicos no Estado para buscar uma solução definitiva para minimizar os eventuais impactos aos seus clientes. Assim que ações sejam feitas para reduzir o problema, a companhia possui interesse em voltar a voar mais no Estado“.

Total
0
Shares
17 comments
  1. Ué, que procurem outros meios para viajar, seja de barco, ônibus, bicicleta ou as pé, rsrsrsrsrsrs. Como diz aquele famoso bordão: “Quem procura acha”. Azar de quem realmente precisa sem ter a intenção de prejudicar outrem.

  2. Infelizmente, muitos pretendem adquirir produto ou serviço já com segundas intenções, aquelas de quererem levar vantagem alegando danos diversos. Lamentável para quem realmente deseja ganhar tempo com o vôo. Já aos demais que façam curso de pilotagem de cipó a exemplo do Jim das Selvas, do Tarzan, etc.

  3. Deixa esse povo lá. Deixem viajar 6 dias de barcos ou carros. O triste é quem precisa para fazer um exame ou tratamento médico e precisa de um deslocamento rápido.

  4. Esse excesso de processos é o que afasta companhias aéreas do Brasil. Falhas na prestação de serviços acontecem, mas, aqui o pessoal judicializa até problemas meteorológicos: um dano moral porque a chuva “impediu” de chegar ao casamento do parente, um processo porque o nevoeiro “impediu” de chegar a uma formatura do sobrinho, enfim, se voce viaja de avião está sujeito a esse tipo de situação, porém, o brasileiro grita, faz “barraco” e não entende.

  5. Essas companhias aéreas se acham “deuses”. Ridículo isso. Vendem poltronas a mais nas passagens só pra encher o avião. Fora a romantização da profissão. Querem ter status de médico sem ser um. Babaquice. Logo brota uma nova Cia aérea aí pra aerea.

  6. A empresa aérea tomou a decisão certa. Não podemos deixar de reconhecer que a AZUL é -no meu entender – uma excelente empresa aérea . Presta ótimos serviços. Funcionários educados ,
    e atenciosos; e boas aeronaves . Não merece críticas .

  7. Que tal fazer uma reportagem sobre a discrepância entre as taxas de cancelamento de voos comparando entre Rondônia e o restante do país?
    A Cia aérea tem também a obrigação de prestar um serviço de qualidade conforme o adquirido pelo passageiro. A opção por prestar um serviço de qualidade deveria ser a forma de resolver o problema.
    Em resumo rondônia tem:
    A maior taxa de cancelamentos e descumprimento de contrato do Brasil.
    A maior taxa de judicialização do Brasil.
    Uma baixa taxa de ganho judicial para as cias aéreas (o que demonstra que elas estão constantemente erradas nos processos analisados).

    Somando tudo isso uma parcela ainda acha que a culpa é da população que vai atrás dos seus direitos.

  8. Estou morando em Porto Velho, mas confesso que a cultura da “exploração” ainda é gritante em muitos aqui.
    Todas as vezes que preciso viajar, ao me aproximar do portão de embarque, podemos visualizar a diferença comportamental das pessoas daqui.
    Lamentável!!!
    E o complicado é TENTAR expor aos “daqui” a importância de ter um bom comportamento… As respostas são sempre: “volte para seu Estado”.
    🤦🏼‍♀️

  9. Mas se há tantos processos é porque as companhias dão margem. Como citado no comentário do Diogo, faltou a matéria apurar o número de cancelamentos pelas companhias nessa região, e saber o comportamento das empresas ali, senão a matéria fica tendenciosa a punir os passageiros. Eu já tive a experiência de ter voô alterado sem prévio aviso, e isso bagunçou totalmente minha programação. Garanto a qualquer um que não existe um tipo de empresa que mais despreza o cliente do que as aéreas. Fazem aquelas belas propagandas de margarina e gente feliz, mas cai no SAC 0800 de uma área que você vai sentir vontade de jogar uma bomba na sede da empresa.

  10. Infelizmente as aéreas tomaram a decisão correta. Nenhuma empresa é criada para tomar tanto prejuízo, ainda mais com um indústria de judicialização por trás da operação. É algo semelhante como ocorreu com o banco Itaú, que tomou a decisão de fechar centenas agências no país devido a escritórios de advocacia estarem cooptando clientes na porta das agências. Quem perde no final é sempre o consumidor que necessita dos serviços.

  11. Insuspeita a relação entre determinados 🗄️ escritórios de advocacia locais e decisões
    de juiz de tribunal de idêntica jurisdição. Basil

  12. Somente quem utiliza do serviço e sente na pele, os diversos motivos para ele não ser cumpridos conforme o acordado na compra, pode dizer sobre suas ações judiciais. Há uma falta de respeito ao usuário do Norte, como se somente o usuário do centro oeste e sudeste merecesse os melhores serviços, atendimentos e aeronaves. Penso que, as políticas de otimização do serviço precisam ser revistas, melhoradas. Basta observar que, pela reportagem, 90% das ações judiciais são favoráveis ao usuário. Por que será?

  13. Me perdoem os bons e honestos advogados, mas esses “escritorios” especializados são uma vergonha. São piores que políticos para caçar dinheiro.

  14. O certo é verificar se os processos são justos ou não, se há conluio entre advogados e juízes. Ficar falando que tem muitos processos não esclarece nada. Uso muito o serviço aéreo, e realmente tem vezes que cancelam voos sem nenhum motivo justo.

  15. Mas afinal, o que os passageiros alegam nos processos? Quais os indicadores das operações no estado? O que a Justiça diz nas sentenças para dar ganho de causa aos passageiros? O tribunal está confirmando as sentenças da primeira instância? Qual a posição da ANAC?

    Sem essas informações, sem ouvir o outro lado, esta “notícia” fica parecendo press release de empresa aérea. E convenhamos: desde a pandemia que voar, no Brasil e mesmo no exterior, virou um inferno; se o atendimento já vinha ruim, ficou péssimo. Na minha experiência pessoal, as aéreas (Gol Contra e Latão de Lixo à frente) conseguiram a proeza de desbancar teles e bancos no ranking das empresas mais detestáveis.

    No caso do Brasil, é hora de acabar com a reserva de mercado do setor aéreo, e/ou financiar o ingresso de novos competidores (e abrir-lhes os necessários slots nos aeroportos!). Dar uma injeção de concorrência contra esses cartórios voadores, que defendem irrestrita liberdade para seu oligopólio; ou se aperfeiçoa a competição, para que as leis de mercado possam atuar, ou então se endureça a regulação, incluindo metas de universalização, atendimento mínimo e tetos de preços.

  16. Não sou da região norte, mas comigo na Azul sempre que o atraso foi superior a 1 hora deram voucher de 200 reais e na única vez que cancelaram o voo porque o equipamento ficou preso em Campinas por manutenção deram opção de 600 reais e mais transporte terrestre ou acomodação e voucher de 200 reais para o próximo vôo no dia seguinte, ninguém precisou se estressar, veio o atendente e de um por um atendeu a todos.

Comments are closed.

Previous Post

Northrop Grumman “liga” o novo bombardeiro furtivo B-21 Raider pela primeira vez

Next Post

Jato regional russo ex-rival da Embraer será chamado de SJ-100

Related Posts
Total
0
Share