Após o fim da União Soviética em 1991, a indústria aeroespacial russa se viu num dilema existencial. Se antes sua estrutura se dividia em diversos escritórios de projetos especializados e fábricas sem vínculo direto com eles, num mundo capitalista essas entidades precisariam se adequar uma nova realidade.
Alguns nomes famosos como a Sukhoi rapidamente se adaptaram ao perfil comercial enquanto outras perderam notoriedade. Com dezenas de empresas de diversos portes e situação financeira, o caos reinou por alguns anos até que o governo da Rússia decidiu fundar a United Aircraft Corporation (UAC) em 2006.
A nova empresa teria a missão de organizar o cenário aeroespacial e dar condições para que as principais empresas prosperassem. Sob seu guarda-chuva estão nomes como a MiG, Tupolev, Ilyushin, Yakovlev e Beriev, que foram batizaram centenas de aeronaves durante o comunismo.
Todos eles, no entanto, eram ‘cérebros’ sem corpo já que a estrutura de manufatura era independente da área de projetos. Essas fábricas também acabaram se transformando em companhias como a KnAAPO, Aviastar e VASO.
Apesar de ter conseguido criar alguma ordem no caos, a UAC ainda busca atingir o objetivo final, transformar-se numa gigante aeroespacial. Para isso, a empresa estatal está implementando um processo de consolidação sem igual no mundo.
O objetivo é que surja daí uma estrutura integrada em que não haja sobreposições e departamentos duplicados. Além disso, será preciso unificar o discurso e a comunicação com o exterior afinal clientes não desejam falar com diversos setores ou empresas para resolver problemas de um produto.
De empresas para divisões
A UAC anunciou recentemente que as principais empresas serão transformadas em divisões internas, mais integradas.
Em março, por exemplo, a holding revelou que os bureaus de design MiG, Sukhoi, Tupolev, Ilyushin and Irkut seriam parte de um único centro de design.
Nesta semana, a UAC confirmou que as empresas Aviastar-SP JSC, VASO PJSC e EMZ im. V.M. Myasishchev passarão a ser divisões internas.
“A consolidação das empresas da divisão de aviação de transporte trará resultados gerenciais e econômicos significativos”, disse Sergei Yarkovoy, Diretor Geral Adjunto da PJSC UAC;
Até pouco tempo atrás, a UAC havia dividido essas empresas em grandes grupos liderados pela Sukhoi, Irkut, Ilyushin, RAC MiG e Tupolev. Nessa estrutura, fábricas passaram a estar ligadas a essas empresas líderes, mas mesmo assim persistiu a sobreposição de tarefas.
A Irkut, por exemplo, produziu caças da MiG e da Sukhoi enquanto desenvolve o jato de passageiros MC-21. Ilyushin, por sua vez, além de produzir seus aviões de transporte na Aviastar é responsável pela parceria com a COMAC no projeto do widebody CR 929. Por fim, a Sukhoi, mais conhecida pela atuação na área de defesa, desenvolveu o jato regional SSJ100 e que até agora tem deixado a desejar.
Ao que tudo indica, dentro de alguns anos essa confusa teia de empresas terá um formato muito mais organizado e claro. Um processo que outras nações como o Reino Unido e os Estados Unidos passaram há bastante tempo.