Desde que ocupou a Criméia em 2014 e ocupou territórios ucranianos em 2022, a Rússia tem lidado com sanções comerciais que interromperam programas de novas aeronaves como o jato MC-21.
A aeronave de fuselagem estreita começou a ser desenvolvida no início dos anos 2000 incorporando muitos componentes ocidentais como os avançados motores Pratt & Whitney GTF.
Mesmo antes da invasão militar à Ucrânia, a United Aircraft Corporation (UAC), responsável principal pelo projeto, já buscava alternativas locais de fornecedores, prevendo dificuldades em obter peças no exterior.
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Há pouco mais de dois anos, o programa mudou o foco para a variante MC-21-310, exclusivamente produzida com conteúdo local ou de países que mantêm relações amistosas com Moscou.
A aeronave capaz de concorrer com o Boeing 737 e o Airbus A320 ainda está em fase de certificação e tem sua estreia comercial prevista para 2025.
Variante para até 150 passageiros
Ela deverá suprir a necessidade de parte da demanda das empresas aéreas russas, mas o baixo volume de produção pode torná-la muito mais cara do que o planejado.
Por essa razão, o vice-primeiro Ministro russo Denis Manturov, afirmou ao jornal Vedomosti que uma variante de menor capacidade da aeronave seria uma alternativa para ter uma lista de pedidos mais ampla.
“Uma boa opção seria fazer uma versão adicional da fuselagem da aeronave encurtada em uma seção. Isso permitirá que as companhias aéreas operem a aeronave de forma mais eficiente, levando em consideração as características de peso resultantes, mantendo os parâmetros originais de autonomia de voo com carga de 140 a 150 passageiros,” disse Manturov.
O projeto do MC-21 prevê duas outras versões, o MC-21-400, capaz de levar até 260 passageiros, e o MC-21-200, que poderia ser configurado para até 165 assentos.
Seria esse último o avião a que se refere o político russo, supostamente a ser batizado como MC-21-210, por ser equipado com o turbofan PD-14.
Similar ao 737-7 e A319neo e não o A220
Embora em algumas configurações planejadas pela Irkut (antecessora da Yakovlev como responsável pelo projeto), o MC-21-200 tenha sido previsto com 150 assentos em uma única classe, a aeronave não seria um rival direto do Airbus A220 e do Embraer E195-E2.
Os dois jatos ocidentais, que têm capacidade similar de passageiros, foram projetados para serem muito eficientes na faixa de 130 a 150 assentos e para isso são mais leves, com fuselagens com diâmetro menor do que o 737 e o A319.
O MC-21-200, por sua vez, seria uma aeronave mais pesada, com alcance superior, mas que pecaria pelo custo por assento elevado.
Para ficar na mesma comparação com aeronaves ocidentais, ele seria uma espécie de Boeing 737 MAX 7 ou Airbus A319neo russo.
Seu trunfo, no entanto, será não ter concorrentes mais eficientes já que nem Embraer nem Airbus vão disputar mercado na Rússia.
Com as limitações orçamentárias e industriais no país, certamente o MC-21-210 não parece um jato comercial que surgirá tão cedo.