O programa de aeronaves comerciais da Rússia passa por seguidos tropeços, seja pela burocracia e inépcia com o suporte pós-venda quanto pelas sanções econômicas ocidentais que interromperam o desenvolvimento de seus modelos mais modernos.
A um duro custo, a Rostec, gigante estatal de tecnologia, e seu braço aeroespacial, a United Aircraft Corporation (UAC), estão reorganizando os programas MC-21 e SSJ-100, de jatos comerciais.
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Na semana passada, a UAC revelou dois protótipos das aeronaves com uma nova pintura padrão, reforçando o caráter do portfólio de produtos, agora denominado “UAC – Civil Aircraft”, e que serão vistas no show aéreo MAKS 2023, em julho, no aeroporto de Zhukovskiy, próximo a Moscou.
Os dois jatos apresentam uma padrão de identidade com a fuselagem em branco, inscrições em azul e um estabilizador vertical exibindo o logo da UAC, a despeito das aeronaves fazerem parte da Irkut.
“A nova pintura será a mesma para todos os protótipos de aeronaves civis UAC, mas nossos principais produtos nos segmentos de aviação regional e de médio curso, o SSJ-100 e o MS-21, foram os primeiros a experimentá-lo”, disse Andrey Boginsky, vice-diretor geral da UAC para aviação civil e também diretor geral da Irkut Corporation.
SSJ-NEW
A Rússia empreendeu uma reorganização profunda em sua indústria aeroespacial, que ainda exibia uma estrutura dos tempos do comunismo, quando atividades como projeto de aeronaves e sua produção eram feitas por entidades separadas.
Nos últimos anos, a UAC fundiu vários dos escritórios de projeto como MiG e Sukhoi e concentrou as linhas de aeronaves comerciais sobretudo com a Irkut, que controla a Yakovlev e também herdou o combalido programa SuperJet.
Desenvolvido pela Sukhoi, o SSJ-100 mostrou-se um jato regional bastante eficiente e capaz, mas cuja disponibilidade deixou muito desejar.
Para contornar as restrições para importar componentes ocidentais, a UAC lançou o projeto SSJ-NEW, uma aeronave construída apenas com fornecedores locais, incluindo o novo motor PD-8.
A Irkut ainda monta o primeiro protótipo, a despeito de promessas de colocá-lo em produção já em 2024.
Em paralelo, a SuperJet International (SJI), uma joint venture entre a UAC, o Studio Guidotti International e a Leonardo, ambos da Itália, tenta repassar o braço estrangeiro do programa para um pontecial sócio dos Emirados Árabes Unidos.
A situação não está clara, mas acredita-se que o SSJ-100, com itens ocidentais, possa voltar a ser produzido em Abu Dhabi, destinado a exportação, enquanto a UAC monta o SSJ-NEW na Rússia, exclusivamente para clientes locais – e talvez algumas companhias aéreas de países amigos.
O agora irmão maior do SuperJet, o MC-21, está num estágio um pouco mais avançado. O jato comercial com até 211 assentos estava prestes a entrar em serviço com motores Pratt&Whitney PW1000G, mas após a invasão russa à Ucrânia, os EUA proibiram a venda do motor e de outros componentes.
Assim como no SSJ-NEW, a Irkut tem uma versão nacionalizada do jato, a MC-21-310, com motores PD-14, já em testes em voo.
“Essas são as aeronaves que formarão a base da frota das companhias aéreas russas nos próximos anos”, acrescentou Boginsky.