Rússia pode cortar verba do programa Il-96-400M, o avião que ninguém quer

Na contramão do mercado, fabricante russa Ilyushin está desenvolvendo um avião comercial quadrimotor com espaço para 400 passageiros
Ilyushin Il-96-400M
Fuselagem do primeiro Il-96-400M: ineficiente (UAC)
Ilyushin Il-96-400M
Fuselagem do primeiro Il-96-400M: nem as companhais russas querem o novo avião (UAC)

O ministério dos transportes da Rússia apresentou nesta semana uma proposta legislativa para cortar os subsídios destinados ao programa Ilyushin Il-96-400M e redirecioná-los para sustentar outras aéreas da indústria aeronáutica local.

O novo jato comercial desenvolvido pelos russos é um dispendioso quadrimotor com uma cabine desenhada para receber quase 400 passageiros, características que entraram em desuso no mercado aéreo devido aos altos custos operacionais.

A proposta do ministério russo sugere redistribuir os fundos federais no valor de 13,8 bilhões de rublos (cerca de R$ 1 bilhão), planejados para o Il-96-400M este ano, para outros programas de aeronaves comerciais, como o Sukhoi Superjet 100 e o Irkut MC-21.

Parte desse capital também pode ser aplicado na GTLK, locador estatal de aviões comerciais, para forçar uma redução nas taxas de arrendamento de modelos fabricados na Rússia. Ainda segundo o ministério, esse dinheiro também bancar a compra de mais aeronaves de passageiros produzidas localmente.

O projeto de lei cita a “atual falta de um operador potencial” para o Il-96-400M e que isso apresenta um risco em relação ao subsídio de Moscou. Ou seja, nem as próprias companhias aéreas da Rússia querem comprar o novo jato da Ilyushin, que é o maior avião comercial já projetado no país.

A aeronave é uma versão ampliada e modernizada com 386 assentos desenvolvida a partir do Il-96-300. Um protótipo está sendo montado na fábrica da VASO, em Voronezh.

A companhia russa AEroflot voou para o Brasil com o IL-96 (Divulgação)
O novo projeto da Ilyushin é uma versão ampliada e modernizada do Il-96-300 (Divulgação)

“Make Russia great again”

O governo de Vladimir Putin, o eterno presidente da Rússia, vem tentando estimular a produção doméstica de aeronaves de passageiros. Atualmente, mais de 95% dos aviões comerciais em serviço no mercado russo são construídos no exterior.

A proposta que sugere retirar os subsídios do programa Il-96-400M cita que o número de aeronaves comerciais fabricadas na Rússia está “diminuindo constantemente” e se nada for feito há o risco de restarem apenas 73 aviões genuinamente russos operados por empresas do país em 2025.

A Rússia vive seu melhor momento no desenvolvimento de novos aviões comerciais desde a queda da União Soviética, com uma grande variedade de projetos em andamento.

Veja mais: Airbus entrega primeiro jato A220 “Made in USA”

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