Em serviço desde 2011, o Sukhoi SSJ100 é um jato regional russo de vendas modestas. Sua fabricante é mais conhecida pela atuação no setor de defesa onde já produziu alguns dos melhores aviões de combate do mundo. Já no campo civil, a empresa tenta desde a década passada emplacar o birreator no mercado global, sem grande sucesso – até agora apenas pouco mais de 140 unidades entraram em operação, a grande maioria em seu país natal.
Isso não impede que os russos almejem ampliar os segmentos onde atuam. Agora, por exemplo, a Sukhoi decidiu lançar uma versão menor do “Superjet”, como também é chamado, mas para 75 assentos enquanto a versão atual possui cerca de 100 lugares numa configuração intermediária. Com isso, a nova variante do jato regional poderá competir diretamente com o E175-E2, o menor membro da família da Embraer.
A encomenda “decisiva”, não poderia ser diferente, veio das companhias aéreas russas que teriam pedido 100 unidades – a empresa não divulga seus dados de encomendas e opções. A ideia aqui é encontrar uma concorrência envelhecida afinal o novo avião da Embraer só estreará em 2021 e possui apenas 100 unidades vendidas. O japonês MRJ70, por sua vez, ainda não tem nenhuma venda, ao contrário da versão maior, o MRJ90.
Mercado norte-americano
Ou seja, com um custo mais baixo de desenvolvimento, o Sukhoi poderia ser uma opção para substituir aeronaves antigas como o E715 ou a família CRJ, da Bombardier, muito populares nos Estados Unidos, onde essa capacidade máxima é de 76 assentos ou peso máximo de decolagem de 86 mil libras (39 toneladas). O curioso em tudo isso é que o SSJ100 possui uma seção de fuselagem tão larga que é capaz de acomodar cinco poltronas por fileira, mesma configuração do CS100/300, mas o avião canadense leva entre 100 e 130 passageiros.
Por essa razão o aparelho russo é muito curto, com menos de 30 metros de comprimento para levar os mesmos 100 passageiros que um E190, com mais de 36 metros. Para chegar aos 75 assentos seria preciso eliminar uma seção equivalente a quatro fileiras de assentos ou perto de 3,5 metros.
Os russos sabem que sua imagem na aviação, a despeito do avanço tecnológico, foi arranhada no passado pela insistência em utilizar aviônicos e motores feitos por empresa locais e com confiabilidade pouco conhecida. No SSJ100, a Sukhoi e a UAC, empresa que a representa comercialmente, tiveram o cuidado de selecionar vários fornecedores consagrados como Thales, Hamilton Standard, Honeywell e Snecma. Ainda assim falta ao avião um histórico mais fiel de operação em companhias aéreas ocidentais, mas ele possui apenas dois clientes, a mexicana Interjet e a irlandesa Cityjet, que juntas possuem 28 aeronaves.
Mesmo assim, a tarefa do jato e de seu novo irmão não será das mais fáceis, nem mesmo com o apoio das companhias aéreas do país de Vladimir Putin.
Veja também: Companhias aéreas rejeitam versões menores de jatos comerciais
Eu não viajaria numa aeronave russa.