A Boeing não deve conseguir a certificação do novo 737 MAX 10 até o final deste ano, antes de novas regras para o cockpit, segundo afirmou o diretor-executivo da Ryanair, Michael O’Leary, em entrevista à Reuters. A empresa de baixo custo é cliente da Boeing e ainda estuda um pedido grande do maior jato de um corredor da fabricante.
Mesmo com o prazo apertado, a Boeing continua comprometida em certificar o jato até dezembro. De acordo com O’Leary, é possível que as autoridades dos Estados Unidos concedam mais tempo para o 737 MAX 10 sem atender a novas regras do cockpit e sistemas de segurança que entram em vigor em 2023.
A Boeing vem pressionando o Congresso dos EUA a ampliar o prazo de certificação e até ameaçou abandonar o projeto por completo, caso tenha que redesenhar o cockpit para cumprir os novos requisitos, que foram implementados após os dois acidentes fatais com o 737 MAX 8 que deixaram 346 mortos.
O 737 MAX 10 já tem pelo menos 650 pedidos, mas seu futuro ainda é incerto. A partir de 2023, todas as aeronaves precisarão atender um novo processo de homologação da agência de aviação civil dos EUA (FAA), que inclui um novo sistema de alerta para os pilotos. Caso não consiga a certificação ou a ampliação do prazo, o 737 gigante pode se tornar inviável.
737 gigante
O “-10”, como os funcionários da Boeing se referem a ele, é uma resposta ao A321neo, da Airbus, mas a aeronave leva menos passageiros e numa distância menor. Ainda assim tem sido uma alternativa atraente para companhias aéreas que operam o 737 MAX, como a Gol, uma das suas clientes.
O maior 737 tem 43,8 metros de comprimento, ou cerca de 13 metros a mais que o 737-200 operado pelas nas finadas Vasp, Varig e Cruzeiro. Ele pode transportar de 188 a 230 passageiros e tem peso máximo de decolagem de 92.000 kg.
O programa foi anunciado no Paris Air Show de 2017 e o primeiro voo da aeronave ocorreu em 19 de junho de 2021. Como possui uma altura do solo pequena, o jato precisou de uma solução engenhosa para não tocar a parte traseira da fuselagem durante a decolagem.
A Boeing introduziu um trem de pouso telescópico, que mantém sua altura padrão nos portões de embarque, mas cresce cerca de 45 centímetros na decolagem. Uma vez no ar, o trem “encolhe” o suficiente para ser recolhido no mesmo compartimento do restante da família.