O primeiro jato de vigilância GlobalEye dos Emirados Árabes Unidos pousou em Abu Dhabi nessa quarta-feira (29/4) após ser liberado da fábrica da Saab em Linköping, na Suécia. O país no Oriente Médio ainda vai receber mais duas aeronaves e negocia a compra de mais dois aparelhos.
O modelo entregue aos EAU voou em janeiro de 2019 e foi usado pela empresa sueca nos ensaios finais dos sistemas embarcados na aeronave, que usa a plataforma do jato executivo de longo alcance Global 6000 da Bombardier. Em nota, a Saab informou que os testes de aceitação agora serão conduzidos pelo pessoal da Força Aérea dos Emirados Árabes Unidos.
“A entrega do primeiro GlobalEye é um marco importante para a Saab, mas também um passo importante na história do controle e alerta precoce por via aérea. Estabelecemos um novo padrão para o mercado e tenho orgulho de dizer que entregamos a solução de vigilância aérea mais avançada do mundo para os Emirados Árabes Unidos ”, diz Micael Johansson, presidente e CEO da Saab.
Quando estiver 100% operacional, o GlobalEye aumentará a capacidade de vigilância dos EAU. O radar “Erieye ER” montado na parte superior da fuselagem da aeronave pode detectar e monitorar uma série de objetos em um raio de 450 km, incluindo ameaças aéreas, terrestres e marítimas. O jato ainda possui um radar específico de busca marítima (Leonardo Seaspray 7500E), sensores ópticos infra-vermelho e sistema de comunicação por satélite.
A Saab lançou o programa GlobalEye no show aéreo de Dubai em novembro de 2015 com a confirmação de dois pedidos firmes dos EAU, que mais adiante assinaram a compra de uma terceira unidade. O acordo com os árabes foi negociado por US$ 1,27 bilhão e a aquisição de mais dois aparelhos pode custar mais US$ 1 bilhão, como relatou o CEO da Saab ao Flight Global.
Johansson disse ainda estar confiante em conseguir novos pedidos para o GlobalEye e citou Finlândia, Coreia do Sul e a força aérea da Suécia como possíveis clientes da aeronave no futuro.
“Avião-radar” de baixo custo
São poucos os países no mundo que possuem em suas frotas militares aparelhos como o GlobalEye. O jato militar é classificado como uma aeronave AEW&C, sigla em inglês para “plataforma aérea de alerta antecipado e controle aéreo”. No campo de batalha, um avião como esse pode ser vital, acompanhando o movimento dos inimigos a distância e coordenar aeronaves aliadas em ataques.
Embora cada unidade do GlobalEye custe quase US$ 300 milhões, a solução baseada no jato executivo da Bombardier oferece um custo/benefício interessante, além de ser um raro produto nesse segmento.
Aeronaves AEW&C mais antigas, como o Boeing E-3 Sentry e o Beriev A-50, continuam sendo muito eficientes em suas missões, com sensores avançados capazes de encontrar ameaças a mais de 600 km de distância. O maior porte desses aviões também permite a instalação de radares com antenas rotativas, abrindo um campo de visualização de 360°. Porém, grandes demais e complexos, são peças de guerra com alto custo operacional.
Baseados em aviões menores e mais simples de operar, alternativas como o jato da Saab estão caindo no gosto de militares no mundo todo. O radar “achatado” do GlobalEye oferece cobertura de 150°. Em vez de uma antena rotativa tradicional, o sistema EriEye monitora um lado da aeronave de cada vez com 192 módulos de transmissão fixos.
O Brasil é um dos países com uma frota de “aviões-radares”, o EMB-145 AEW&C da Embraer. Os jatos em serviço com a Força Aérea Brasileira são baseados no modelo comercial ERJ e usam uma versão diferente do radar EriEye. Os aviões de vigilância fabricados pela empresa brasileira ainda foram exportados para o México, Grécia e Índia.
Em junho de 2019 durante o Paris Air Show, a Embraer Defesa & Segurança em parceria com a empresa israelense ELTA Systems, anunciaram um acordo de cooperação estratégica para desenvolver um novo avião AEW&C baseado no jato executivo Praetor 600, o projeto P600 AEW.
Se de fato for adiante, a proposta da Embraer-ELTA pode originar o menor jato de vigilância e controle aéreo do mercado militar, o que também significa menores custos de operação para uma capacidade essencial nos campos de batalha modernos.
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