Sem 737 MAX, Gol utiliza aviões da Delta na rota para os EUA

Companhia aérea norte-americana, que é sócia da brasileira, deslocou widebodies como o 767 e o A330 para cumprir voos entre Brasília, Fortaleza, Miami e Orlando
A Delta emprestou seus aviões para a Gol na rota para os EUA
A Delta usará o Boeing 767-400 no voo NY-São Paulo
A Delta é o atual maior operador do Boeing 767, com cerca de 80 unidades em serviço (Delta Airlines)
Sócia da Gol, a Delta socorreu sua parceria deslocando aeronaves widebody para trazer os passageiros dos EUA (Delta)

Com seus sete Boeing 737 MAX 8 parados desde segunda-feira por conta do acidente com um exemplar da Ethiopian Airlines, a Gol precisou criar uma complexa alternativa para não deixar seus passageiros entre o Brasil e os EUA no solo. A solução contou com a ajuda da Delta Air Lines, companhia aérea norte-americana que é sócia da empresa brasileira.

Com isso, a Delta emprestou alguns de seus widebodies para cumprir os voos anteriormente escalados para o 737 MAX. Com isso, os passageiros que voltaram de Miami e Orlando para Brasília embarcaram em um Boeing 767-300ER e um Airbus A330-300 da companhia americana. A estratégia provisória será repetida nesta quarta-feira e quinta-feira, quando chegarão um Boeing 767-300 e um Boeing 767-400 no aeroporto Juscelino Kubitschek.

Parte dos passageiros que compraram bilhetes antes do problema também está sendo reacomodada em voos alternativos pelo menos até o próximo domingo quando está programada a retomada dos voos por aviões da Gol. Nesse caso, a versão anterior, o 737-800 NG, o mais numeroso da frota da companhia.

De acordo com a programação constante no site da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), a partir do dia 17 os voos 7601 e 7602 (Brasília-Miami) e 7748 e 7749 (Brasília-Orlando) serão realizados pelo Boeing 737 que já foi usado anteriormente pela empresa na rota para os EUA. Porém, isso significa uma necessária escala técnica para reabastecimento provavelmente na República Dominicana.

A Gol vai receber 120 jatos 737 MAX até 2028 (Gol/Portal Ponte Aérea)
A Gol suspendeu os voos com seus sete 737 MAX 8 após o acidente na África (Gol/Portal Ponte Aérea)

Banido em quase todos os países, 737 MAX persiste voando nos EUA

Ainda distante de ser esclarecido, o acidente com o 737 MAX da Ethiopian no domingo tem motivado cada vez mais países a proibirem o sobrevoo da aeronave da Boeing sobre seus espaços aéreos. O movimento começou sobretudo na Ásia com a China, nação com a maior frota do modelo, e chegou à Europa nesta terça-feira (12) quando a EASA fechou seu espaço aéreo para a aeronave americana.

Apesar disso, a Boeing, amparada pelo posicionamento da FAA, a agência de aviação civil dos EUA, afirmou que seu avião é seguro: “A segurança é a prioridade número um da Boeing e temos total confiança na segurança do 737 MAX. Entendemos que as agências reguladoras e os clientes tomaram decisões que acreditam serem mais apropriadas para seus mercados domésticos. Continuaremos interagindo com eles para garantir que eles tenham as informações necessárias para ter confiança na operação de suas frotas. A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos não está exigindo qualquer ação adicional neste momento e, com base nas informações atualmente disponíveis, não temos nenhuma base para emitir novas orientações aos operadores“.

Horas depois, a própria FAA declarou que “continua a revisar extensivamente todos os dados disponíveis e agregar desempenho de segurança de operadores e pilotos do Boeing 737 MAX. Até o momento, nossa análise não mostra problemas de desempenho sistêmico e não fornece base para o pedido de aterramento da aeronave. Tampouco outras autoridades da aviação civil nos forneceram dados que justificassem uma ação. No decurso da nossa análise urgente de dados sobre o acidente com o voo 302 da Ethiopian Airlines, se forem identificados quaisquer problemas que afetem a aeronavegabilidade continuada da aeronave, a FAA tomará medidas imediatas e adequadas”.

Contrariando a decisão da FAA, sindicatos e políticos têm apelado nos EUA para que a agência siga outras nações e impeça que o 737 MAX continue voando no país – a American Airlines e a Southwest Airlines possuem 24 e 34 aeronaves em suas frotas, respectivamente. Relatos de pilotos americanos têm surgido na imprensa americana nos últimos dias revelando que o jato da Boeing apresentou problemas de atitude e ângulo de ataque em ocasiões em que o piloto automático foi acionado.

Há cerca de 370 unidades do Boeing 737 MAX entregues no mundo. O jato já possui um lista de pedidos com mais 5.000 aviões de 80 clientes, entre elas a Gol com 135 encomendas.

Boeing 737 MAX da American Airlines: FAA insiste em afirmar que não existe nada de errado com o avião (AA)

Veja também: Com foco na economia, novos jatos A320neo e 737 MAX ganham espaço no Brasil

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  1. Isso é um reflexo de uma revolução que não está sendo bem administrada.
    Basicamente é o mesmo problema que ocorreu no Airbus A330 da Air France que fazia a rota Rio Paris que caiu no mar.
    Pilotos mais velhos conseguem pilotar o avião na mão, sem piloto automático e sem computador.
    Pilotos de jovens, apenas treinados em computador, não sentem adequadamente o avião.
    É uma transição complicada, pois cada vez menos teremos disponíveis os pilotos que voam na mão com experiência e cada vez mais aqueles que aprenderam nos aviões muito automatizados.
    Mas é o futuro. Não há como evitar.
    Então, torçamos para que as cias aéreas coloquem seus pilotos muito muito tempo em simuladores para que essa adaptação seja feita.

  2. Quero nem saber de voar no 737 Max. Já vi que vários pilotos comentam sobre os sistemas falhos dele e até agora nada foi feito!

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