A Boeing decidiu suspender as operações da NeXT, uma subsidiária criada em 2018 para desenvolver aeronaves futuristas como táxis voadores e cargueiros elétricos não-tripulados. Segundo uma carta interna do chefe da empresa, Steve Nordlund, revelada pelo jornal Seattle Times, as atividades serão suspensas imediatamente.
“Nosso objetivo é fazer uma pausa completa o mais rápido possível”, afirmou o executivo, que justificou a decisão por conta das crescentes dívidas da Boeing. “Organizações como essas só têm o privilégio de existir quando você tem um negócio principal saudável,” explicou Nordlund, fazendo referência aos enormes problemas enfrentados pela divisão comercial com o 737 MAX e o 787 Dreamliner.
A NeXt é associada à outra subsidiária da Boeing, a Aurora Flight Sciences, que possui um leque maior de atividades. O mais vistoso projeto das duas empresas é o PAV (Passenger Air Vehicle), uma aeronave elétrica de pouso e decolagem vertical (eVTOL).
Com alcance de 50 milhas (80 km), o táxi voador realizou seu primeiro voo em janeiro de 2019 na base da empresa em Manassas, Virgínia. Na época, o diretor de tecnologia da Boeing, Greg Hyslop, celebrou o feito: “Em um ano, evoluímos de um projeto conceitual para um protótipo voador. A experiência e a inovação da Boeing têm sido fundamentais no desenvolvimento da aviação como a forma de transporte mais segura e eficiente do mundo, e continuaremos a liderar com uma abordagem segura, inovadora e responsável para novas soluções de mobilidade”, disse.
Com um conjunto de oito hélices de elevação e uma de propulsão do tipo pusher, o PAV pretendia disputar o nascente mercado de mobilidade urbana aérea que hoje é explorado por startups, mas também gigantes como a Airbus e a Embraer.
Parceria com a Aerion
A NeXt emprega hoje cerca de 100 funcionários cujo futuro não está claro. Segundo a porta-voz da Boeing, Alison Sheridan, afirmou ao jornal dos EUA, os investimentos na futura mobilidade aérea seguirão, mas focada em menos projetos. Possivelmente, a fabricante possa alocar pessoal e ativos em outras divisões, apontou o Seattle Times.
Além do táxi voador, a NeXt também desenvolvia uma aeronave cargueira autonôma que pode ter uma demanda considerável com as empresas de entregas rápidas. E havia fechado outra joint venture para desenvolver uma plataforma de controle de tráfego de veículos autônomos ou de passageiros, sem falar numa parceria com a Porsche para criar um táxi voador de luxo.
Por fim, a NeXt tem um papel fundamental no jato supersônico executivo AS2, da Aerion. Por meio de investimentos, a Boeing se comprometeu a apoiar a startup no programa, da engenharia, manufatura até os testes em voo da aeronave, que é um dos projetos mais promissores desse novo mercado.
Em sua carta, Nordlund garantiu que se trata de uma pausa até que a Boeing recupere suas energias, drenadas pelos seguidos problemas com seu principal negócio, os aviões comerciais.
Veja também: Boeing deve descartar o 737 MAX e pensar num substituto, diz CEO da Qatar