Desde domingo, a Embraer disparou inúmeros comunicados de imprensa e realizou várias coletivas no Paris Air Show, maior evento aeroespacial do ano, mas nenhum deles empolgou o mercado financeiro.
As ações da fabricante brasileira, pelo contrário, tiveram forte queda na terça (-4,65%) e na quarta-feira (-7,42%) na Bolsa de Valores de São Paulo – o mau humor também afetou os papéis da companhia na Bolsa de Nova York.
Segundo relatos de analistas, o mercado financeiro tinha uma expectativa por grandes anúncios de encomendas, que até esta quinta-feira (22) não haviam ocorrido.
A própria Embraer colaborou para criar um clima de otimismo ao afirmar ter cerca de 200 aeronaves comerciais em negociação com vários potenciais clientes. Embora tenha deixado claro que espera fechar parte desse montante, tratam-se de numerosos aviões, que fariam diferença em sua carteira de pedidos.
A família E2, por exemplo, tinha até março 270 pedidos firmes. Com os recentes anúncios, irão ser acrescentados apenas seis E195-E2 da Binter Canarias.
A Embraer também anunciou um acordo para 15 jatos desse modelo com a Azorra, porém, eles já estão incluídos desde dezembro no backlog.
O outro anúncio envolveu um acordo entre a Avolon e a Porter Airlines, que a empresa de leasing comprou dez E195-E2 da transportadora canadense para mantê-los em operação com a mesma empresa, o chamado sale-leaseback.
Apetite indiano não chegou à Embraer
“Salvador da pátria”, o E175 também deixou a desejar até aqui. Foram sete aeronaves encomendadas pela American Airlines que serão operadas pela Envoy.
Em outras programas, houve boas novidades como o acordo de conversões de 20 E-Jets para cargueiros para a China, anúncios de serviços como o fechado com a Star Air, da Índia, e mais cartas de intenções pelo eVTOL da Eve, subsidiária da Embraer. Nada que empolgasse os investidores.
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Outra área com potencial, a defesa, seguiu sem grandes anúncios, exceto pela atualização dos A-29 Super Tucano da Força Aérea Brasileira.
Nem mesmo a inédita presença de dois KC-390 Millennium em Le Bourget, um do Brasil e outro de Portugal, foi palco de qualquer novo pedido da aeronave de transporte tático.
Por outro lado, a Embraer estabeleceu várias parcerias e acordos para futuros projetos, sobretudo ligados a sustentabilidade como o programa Energia.
A falta de encomendas mais vultousas contrastou com os pedidos oriundos de empresas aéreas indianas. A IndiGo, por exemplo, foi até o momento o grande destaque do evento, com um pedido firme de 500 jatos A320neo, o maior da história para aeronaves de corredor único.
O apetite indiano por aviões, no entanto, não chegou à Embraer, apesar de várias conversas estarem em curso. O Paris Air Show ainda não acabou e há tempo para alguma surpresa.