A Airbus admitiu que a produção do A380, maior avião comercial do mundo, está por um triz. Com mais um ano encerrado sem novos clientes, o futuro do jato depende de uma encomenda da Emirates, hoje disparada a maior operadora do modelo.
Durante a apresentação dos números de vendas e entregas de 2017 nesta segunda-feira (15) o chefão da empresa, John Leahy, reconheceu que sem a Emirates será difícil manter o A380 num ritmo mínimo de produção hoje exigido, que é de seis unidades por ano. “Ainda estamos falando com a Emirates e, com muita honestidade, provavelmente são os únicos no mercado que podem manter a produção a um mínimo de seis A380 por ano por um período de oito a dez anos”, disse Leahy.
Atualmente, o quadrirreator de dois andares possui 317 encomendas, 222 das quais entregues e apenas um avião fora de serviço. Das 95 unidades ainda não entregues, 41 (43%) estão destinadas a Emirates. Por essa razão, a Airbus decidiu reduzir o ritmo de produção para dez unidades em 2018 e apenas oito em 2019, ou seja, muito perto do mínimo.
“Deixa que eu deixo”
Rumores davam como certo o anúncio de uma nova encomenda do Airbus 380 pela Emirates durante o Dubai Airshow, que ocorreu em novembro, mas em vez disso, a companhia aérea revelou ter fechado negócio com a Boeing para a compra do birreator 787, um duro golpe para os europeus já que o rival A350 chegou a ser escolhido anteriormente. O evento acabou e nada de novos A380.
Falando para a imprensa americana, o presidente da Emirates, Tim Clark disse que mantém o interesse no A380, mas que para isso tornar-se um fato consumado seria preciso garantias da Airbus que o programa seria mantido “vivo”. “(A Emirates) não fará mais aquisições a menos que saibamos que a linha (de produção) continuará”, explicou o executivo à rede CNBC.
Além da Emirates, o maior cliente do A380 é o grupo irlandês Amedeo, especializado em leasing de grandes aviões, com 20 unidades pendentes. A Qantas tem oito jatos para serem entregues e a Virgin Atlantic, outros seis. Além de outros clientes menores, há também 10 unidades encomendadas por clientes que preferiram não se identificar.
A empresa não admite fabricar “caudas brancas” (aviões sem clientes), mas acredita que existam outros potenciais clientes para o A380 que não a Emirates. O problema é que eles não apareceram até agora. Nesse caso, Leahy admite: “não teremos escolha senão parar o programa”.
Veja também: Airbus A380 melhora a viagem entre Brasil e Japão