A VoePass deu entrada no pedido de recuperação judicial nesta terça-feira, 22, em um tribunal de Ribeirão Preto (SP), onde fica sua sede.
A empresa aérea regional busca obter uma proteção contra seus credores a fim de reorganizar suas finanças e voltar a voar.
Desde 11 de março a VoePass não opera seus voos após a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) suspender a autorização para prestar serviços de passageiros e carga.
O motivo, segundo o órgão, foi o fato de a VoePass apresentar “não conformidades relacionadas aos sistemas de gestão da empresa previstos em regulamentos”.
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Nessas seis semanas, a companhia aérea tem tentado convencer a ANAC que atende às normas de segurança, mas diante do agravamento da crise financeira, buscou a concordata, que até então evitava.

“Caso o pedido de recuperação judicial seja deferido pela Justiça, todos os passivos da Voepass serão congelados e negociados com base em um plano detalhado que será elaborado para atender todos os credores”, afirmou a empresa aérea em nota.
Será a segunda vez que a VoePass passa por uma recuperação judicial. Durante 2012 e 2017, a companhia ficou sob proteção até restruturar suas finanças.
“Com todo o cenário enfrentado pela companhia nos últimos meses, esta foi a única saída para realizar uma reestruturação completa e garantir que a VoePass volte a oferecer um serviço essencial para o desenvolvimento do Brasil”, disse José Luiz Felício Filho, CEO da empresa.

VoePass culpa a parceria com a LATAM pela crise financeira
No documento protocolado na Justiça, a VoePass atribuiu à LATAM parte da sua crise financeira. Segundo relato da Folha de São Paulo, que teve acesso às informações, a parceira teria retido quase R$ 35 milhões referentes a reembolsos e manutenção de aeronaves.
A empresa cita ainda que a LATAM promovia uma ingerência em sua gestão ao exigir sua autorização para obter financiamentos além de controlar a venda de bilhetes e definição de tarifas, entre outras tarefas. A empresa aérea chilena não havia respondido à reportagem do jornal até então.
A situação da VoePass começou a preocupar há cerca de um ano quando alguns de seus aviões deixaram de voar por falta de pagamento do leasing.

Mas foi em agosto do ano passado que ocorreu o momento mais grave da crise quando o ATR 72 de matrícula PS-VPB caiu em Vinhedo, vitimando os 62 ocupantes.
Nos meses seguintes, os voos foram reduzidos, mais aviões foram retomados pelos arrendadores e a operação encolheu.
A empresa agora tenta reter seus slots em Congonhas, que estão na mira da Gol e Azul. A ideia é que eles sejam usados como ativos da VoePass.