Senado da Austrália questiona escolha do C-130J e descarte do Embraer C-390

Parlamentares australianos questionaram a escolha apressada do C-130J Super Hercules para atualizar a frota de transporte da RAAF
Um dos 12 C-130J da Austrália; aeronaves estão em serviço no país desde 1999 (RAAF)

No mês passado, a Força Aérea Real da Austrália (RAAF) confirmou a escolha do Lockheed Martin C-130J Super Hercules para substituir os C-130J mais antigos em serviço no país. Porém, nesta quarta-feira (7), durante uma audiência do Senado australiano, a seleção apressada do avião fabricado nos EUA foi questionada por parlamentares, que convocoram o comandante da RAAF, o Marechal do Ar Robert Chipman, para esclarecimentos.

Interrogado sobre a seleção do Hercules, Chipman defendeu a escolha da aeronave e mencionou que o modelo é “a única opção que atende a todos os requisitos de capacidade da Austrália”. O programa de aquisição, chamado Aeronave Média de Mobilidade Aérea (MAMA, na sigla em inglês), também avaliou os aviões Airbus A400M, Kawasaki C-2 e o Embraer C-390 Millennium.

“Observamos essas quatro aeronaves em 22 requisitos diferentes. Eles estão relacionados ao desempenho da aeronave, à certificação nas funções em que esperamos utilizar a aeronave e à facilidade com que podemos fazer a transição da aeronave para o serviço”, disse o chefe da RAAF.

No entanto, Chipman se recusou a detalhar quais eram os 22 requisitos que determinaram a escolha do Hercules e como a análise das aeronaves foi conduzida.

Um artigo sobre a polêmica publicado pelo Australian Defence Magazine levantou a hipótese de que a seleção do Hercules e a avaliação das demais aeronaves do programa MAMA pode ter sido apenas um “exercício teórico”, embora a RAAF tenha uma boa compreensão do desempenho do C-130J – que está em serviço no país desde 1999.

A publicação ainda reconheceu que o Kawasaki C-2 e o Airbus A400M são muito grandes para o requisito de transportador médio da RAAF, ao contrário do Embraer C-390, que “foi projetado desde o início para ser um substituto do C-130 e agora está em serviço na Força Aérea Brasileira e foi selecionada por Portugal, Hungria e Holanda”.

O Kawasaki C-2 é avaliado em US$ 136 milhões (JASDF)
O Kawasaki C-2 foi introduzido recentemente pelo Força Aérea de Autodefesa do Japão (JASDF)

Comentando sobre a seleção do C-390 pela Holanda, o senador liberal David Fawcett apontou durante a audiência que a aeronave brasileira era superior ao C-130J em vários critérios. “Percebi que o ministro da Defesa holandês, ao falar ao seu parlamento e explicar por que eles haviam comprado a aeronave da Embraer, disse, essencialmente, que custava menos, era mais fácil de manter e tinha mais capacidade e mais disponibilidade do que o C-130J.”

Segundo a imprensa australiana, a RAAF deve encomendar 30 novos C-130J, seis deles da variante KC-130, com capacidade para reabastecimento aéreo. O acordo com a Lockheed Martin ainda depende da aprovação do governo da Austrália, o que deverá ocorrer em 2023. A entrega das aeronaves, porém, deve ser iniciada somente no fim desta década.

Rivais melhores que o C-130J

O KC-390 chegou a fazer uma parada técnica para reabastecimento na Austrália em 2017, a caminho da Nova Zelândia, para demonstrações para a Força Aérea do país vizinho. A Embraer, no entanto, não chegou a dar detalhes sobre sua proposta à RAAF.

Maior avião fabricado no Brasil: o KC-390 pode operar em pistas semi-preparadas (Embraer)

Dos quatro concorrentes, o C-130J é o mais lento e o que transporta menos carga paga. A capacidade de reabastecimento aéreo tático também é compartilhada pelo A400M e o KC-390, que podem transferir combustível para aeronaves mais lentas e helicópteros.

Apesar disso, o Ministério da Defesa defendeu a escolha de “uma aeronave de substituição de baixo risco, certificada em todas as funções, comprovada, madura e acessível que atenda às necessidades de mobilidade aérea da Austrália”.

Recentemente, a Austrália tem se aproximado dos Estados Unidos para reforçar seu arsenal de defesa, incluindo a compra de submarinos com propulsão nuclear, um acordo que irritou a França, antes parceira num programa semelhante.

Tanto o A400M (foto) quanto o KC-390 têm capacidade para reabastecer helicópteros no ar (Airbus)

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  1. A primeira linha do último parágrafo explica tudo.
    Resta saber se o acordo de defesa – incluindo sub nucleares será atendido.

  2. O lobby político militar dos EUA…: Nós te vendemos submarinos nucleares e vocês fazem tudo que nós queremos…. simples assim !!!

  3. Lobby do tio Sam, é óbvio e claro, o C 390 é superior em todos os aspectos, ao vovô Hércules, mesmo atualizado.

  4. Submissão histórica da Austrália aos EUA e lobby da Lockheed explicam essa compra errada. Pior para eles que, pelo jeito, nunca deixarão de ser colônia.

  5. Em outro canal já havia visto este assunto e a questão do tempo de treinamento, não só de pilotos, mecânicos, instrutores e toda uma logística necessária para impermanência uma nova aeronave tendo em vista o cenário militar internacional em que o país está inserido ( próximos da zona de conflitos da China, Taiwan, Japão, Coreias) fez com que está decisão fosse a mais sensata a ser adotada, e, não fosse isto o nosso KC-390 teria sido o escolhido. Entendam que a Austrália já opera Hércules C130, então o C130J com agonia mais aprimorada não será uma transição e sim apenas uma atualização !

  6. Austrália sendo vassalo dos EUA como sempre,boa sorte para eles com o F-35 com produção paralisada e com os submarinos nucleares que sabe se lá se irão entregar enquanto a compra que eles cancelaram da França irão para o Brasil para mais Riachuelos. O KC-390 ainda irá ser adquirido por mais países além dessas três.

  7. Pois é, não existem bobos na geopolítica. A empresa que ganhou a licitação é uma das mais corruptas dos EUA. Mas o problema é o Lula, os poços da Petrobras e os empréstimos do BNDES. Os brasileiros sempre caem nessa de combate à corrupção, que deságua sempre em “regime change” em favor do império o de o avião vencedor é produzido. Não é a primeira vez que ocorre. Não será a última, até que acordemos.

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