A Marinha do Brasil (MB), por meio da Autoridade Marítima Brasileira (AMB), determinou nesta sexta-feira (20) que o rebocador conectado ao casco do ex-porta-aviões NAe São Paulo seja afastado da costa brasileira, para uma região de maior profundidade em alto mar. O comboio encontra-se na altura do litoral do Pernambuco, fora da Mar Territorial.
Em nota, a Marinha informou que a AMB realizou uma inspeção pericial no casco, na qual foi constatada “uma severa degradação das condições de flutuabilidade e estabilidade”.
Dada as condições que o casco se encontra, o comboio não está autorizado a aproximar-se de águas interiores e terminais portuários, “em face do elevado risco que representa, com possibilidade de encalhe, afundamento ou interdição do canal de acesso a porto nacional”, alerta a MB.
De acordo com a instituição naval, a medida de afastar o comboio para águas profundas visa “garantir a segurança da navegação e a prevenção da poluição ambiental na costa brasileira e seus portos”. O rebocador de bandeira holandesa Alp Guard conectado ao casco do ex-navio aeródromo é acompanhado pela Fragata União e o Navio de Apoio Oceânico Purus.
O comunicado da Marinha cita ainda que a empresa Sök Denizcilik Tic Sti (Sök), proprietária do casco, não adotou as providências necessárias para a manutenção do mesmo em segurança na área marítima indicada, situada a 24 milhas náuticas (24 km) da costa brasileira.
Além disso, a Marinha diz que o casco não possui cobertura do Seguro P&I (Protection and Indemnity – proteção e indenização), tampouco contrato para atracação e reparo, ambos de responsabilidade da Sök. A MB acrescenta, ainda, que houve interrupção do pagamento à empresa contratada para realizar o reboque desde o mês de novembro de 2022.
A Sök ainda não se pronunciou sobre a medida imposta pela MB.
Entenda o imbróglio
Conforme publicado em primeira mão pelo AIRWAY, o casco do ex-porta-aviões São Paulo foi arrematado em março de 2021 por R$ 10,5 milhões pelo estaleiro turco de reciclagem de embarcações Sök. Em agosto do ano passado, o navio desativado deixou o Rio de Janeiro, onde ficava estacionado, rumo a Turquia.
No entanto, temendo pela suposta presença de grande quantidade de amianto no casco do barco, o ministério do meio ambiente da Turquia barrou a entrada da antiga embarcação em suas águas territoriais. Quando essa proibição foi levantada, o comboio estava próximo de atravessar o Estreito de Gibraltar, que dá acesso ao Mar Mediterrâneo. Logo em seguida, o Ibama pediu o retorno do casco ao Brasil para a realização de uma nova inspeção de materiais tóxicos.
Apesar da ordem do Ibama, nenhum porto ou estaleiro brasileiro autorizou o atracamento do casco em suas instalações. Desta forma, o casco rebocado navega em círculos na altura do litoral do Pernambuco desde outubro de 2022.
Casco pode ser abandonado em alto mar
Em 11 de janeiro, a MSK Maritime Services & Trading, empresa que adquiriu o casco do NAe São Paulo junto a Sök, renunciou a propriedade da sucata da embarcação a favor da União.
Em carta de advertência enviada ao Ibama e demais autoridades ambientais do Brasil, a NSN Law Firm, representante da MSK, estipulou um prazo de 12 horas (que não foi atendido) para que as autoridades brasileiras providenciassem as aprovações e/ou ações necessárias para receber o casco do barco, que navega rebocado sem destino há mais de 90 dias.
O não cumprimento da solicitação poderia resultar na “disposição do casco do porta-aviões” em alto mar, com todas as responsabilidades posteriores sendo das autoridades brasileiras, informou a MSK na ocasião.
Maior navio de guerra do Brasil
O navio-aeródromo São Paulo chegou às mãos da Marinha do Brasil no ano 2000, comprado da França por US$ 12 milhões durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O navio foi o substituto do NAeL Minas Gerais, que operou no Brasil entre 1960 e 2001.
O NAe São Paulo chegou ao Brasil em 2001; o navio foi construído na França entre 1957 e 1960 (Marinha do Brasil)Quando ainda estava ativo, o São Paulo era o porta-aviões mais antigo do mundo em operação. A embarcação foi lançada ao mar em 1960 e serviu com a marinha da França com o nome FS Foch, de 1963 até 2000. Sob a identidade francesa, o navio de 32,8 mil toneladas e 265 metros de comprimento atuou em frentes de combate na África, Oriente Médio e na Europa.
Com a Marinha do Brasil, no entanto, a embarcação teve uma carreira curta e bastante conturbada, marcada por uma série de problemas mecânicos e acidentes. Por esses percalços, o navio passou mais tempo parado do que navegando. Em fevereiro de 2017, após desistir de atualizar o porta-aviões, o comando naval decidiu desativar o NAe São Paulo em definitivo.
Segundo dados da marinha brasileira, o São Paulo permaneceu um total de 206 dias no mar, navegou por 54.024,6 milhas (85.334 km) e realizou 566 catapultagens de aeronaves. A principal aeronave operada na embarcação foi o caça naval AF-1, designação nacional para o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk, hoje operados a partir de bases terrestres.
Porta-aviões gêmeo, Clemenceau passou por situação parecida
O Clemenceau, irmão do Foch, que foi desmantelado no Reino Unido entre 2009 e 2010, teria cerca de 760 toneladas da substância retirada de seu casco.
Desativado em 1997, o porta-aviões foi vendido para uma empresa espanhola em 2003, que pretendia desmontá-lo também na Turquia, mas a França cancelou o acordo.
Dois anos depois, o governo francês tentou levá-lo para a Índia, onde outro porta-aviões brasileiro, o Minas Gerais, foi desmontado sem quaisquer cuidados.
A tentativa foi frustrada pelo Egito, que impediu que o Clemenceau passasse pelo Canal de Suez. Após discussões prolongadas, a França decidiu trazer o navio de volta. Em 2008, finalmente o porta-aviões seguiu para Hartlepool, no norte da Inglaterra, onde a empresa Able UK o desmontou.
Um abacaxi contaminante que vai mesmo acabar nas mãos – o fundo – do nosso litoral.
A embarcação se encontra desativada, sem os motores, combustível e outros contaminantes fluidos. O caso citado na mídia referente ao amianto depositado em seu casco oferece baixo risco de contaminação devido a forma em que foi aplicado junto ao aço, de qualquer forma merece uma verificação aprofundada.
Pernambuco possui tradição no afundamento de embarcações para formação de recifes artificiais, inclusive possuindo um parque estadual com legislação especifica vigente. O Parque dos Naufrágios Artificiais de Pernambuco abriga mais de 30 naufrágios que fomentam o turismo e a pesquisa cientifica.
O atrativo iria colocar o Brasil na lista dos poucos países que possuem um equipamento desse porte como atrativo. O turismo de mergulho movimenta bilhões de dólares anualmente. Um estudo realizado pela UFRJ (Turismo de mergulho: análise do comportamento de viagem dos mergulhadores brasileiros) demonstra que no mundo existem mais de 23 milhões de mergulhadores credenciados, e que o Brasil possui apenas um ponto de mergulho entre os 100 mais visitados no mundo todo. Esses números demonstram o grande potencial existente nesse mercado.
CONFIRA O ESTUDO: https://drive.google.com/file/d/1kAk9MTiVidExaJ2Npq3tL1g0afF7mdSe/view
Muito bom o artigo, parabéns ! Em relação gigante de aço , não tem o que fazer , comprou errado , pagou 12 , vendeu por 10 , gastou ninguém sabe quanto para manter ; lamentável , extremante lamentável ,
Só para lembrar , não tem escola pública de qualidade no Brasil.
A melhor escola fica no Ceará , vizinho , onde vão guardar o gigante de aço.
é isso
Este elefante branco foi comprado por capricho de algum militar satisfeito pelo governo da época, por míseros US$12 milhões de dólares, ficou no Brasil em sua maior parte do tempo em manutenção, nem sabemos quanto foi gasto, lavaram dinheiro e ganharam dinheiro, safados; agora foi leiloado para a Turquia por R$10 milhões de Reais,kkkkkkkkk.
Melhor afundar ele Pernambuco!!!
TEMOS QUE FICAR ATENTOS A ESTAS COMPRAS DOS GOVERNOS, ISSO É INADMISSÍVEL!!!!!COM QUE DINHEIRO 💸 FOI COMPRADO ESTES E OUTROS BRINQUEDOS INÚTEIS!
O navio sempre teve parado no porto do Rio De Janeiro. Mas de repente só porque passeou no Oceano, nada mais pode atracar em porto brasileiro. Por 20 anos nada mudou no casco, é a mesma pintura, mesmos equipamentos, e mesmas coberturas refratárias nos tubos de aquecimento etc. Nada vejo portanto de inconveniente voltar ao Rio De Janeiro, ser desmanchando no Arsenal da marinha mesmo aonde sempre esteve e o ferro ser rebeneficiado na Companhia Siderúrgica Nacional CSN de Volta Redonda reciclando os metais a novos usos. Isto já deveria ter sido feito há mais de 6 meses, portanto Irresponsabilidade brasileira da Marinha, 1. tê-lo vendido à Turquia, 2. nada agora devolver os US$ 2 mi aos turcos, já que o navio nada foi aceito passar por Gibraltar e Mediterrâneo a ser apraiado em Aliaga. 3. Marinha deve Reabsorver o navio no Rio De Janeiro e desmanchá-lo na Baia de Guanabara, bem porquê nesta mesma tem inúmeros cascos podres de também materiais sujos poluindo as águas no Rio de Janeiro. Seria triste que mais um navio fosse mergulhado, sujando ainda mais os fundos do oceanos. Enfim mais uma incongruência brasileira dos humanos, em tê-lo construindo e agora querendo se livrar da forma mais fácil incorreta. Foi absurdo Pernambuco nada tê-lo permitido atracar em Suape e por exemplo ser desmanchando no Estaleiro Atlântico Sul e material indo a uma Siderúrgica de Benaficiamento local, as cidades pelo mundo são extremamente sujas de plásticos dos humanos, nada justifica tal comportamento das autoridades brasileiras para com o descaso do mesmo.