O anúncio de que a Delta Air Lines comprará 20% da participação na LATAM Airlines pegou o mercado de surpresa nesta quinta-feira. A associação entre as duas empresas parecia até então improvável diante do envolvimento de ambas com outros grupos.
A LATAM já mantinha uma relação de longa data com a American Airlines e tinha planos de criar uma joint venture bastante ampla, mas que acabou frustrada pela Justiça do Chile. Além disso, as duas eram parceiras na Oneworld, aliança que também inclui a British Airways, entre outras.
A Delta, por sua vez, tem ampliado sua participação em empresas mundo afora tendo adquirido parte da Virgin Atlantic, Alitalia e ampliado sua parceria com a Air France-KLM. Na América do Sul, a companhia detém cerca de 10% da Gol Linhas Aéreas e esperava-se que essa participação aumentasse após a desregulamentação do mercado de aviação brasileiro.
Agora, com a investida da Delta na LATAM, as peças do tabuleiro vão mudar significativamente. A companhia aérea dos EUA já confirmou que venderá sua participação na Gol enquanto o grupo sul-americano anunciou sua saída da Oneworld, passos esperados após o anúncio.
Atingidas pelo negócio, American e Oneworld lamentaram o fato, mas afirmaram compreender a situação.
“A LATAM e a família Cueto são excelentes parceiros da American Airlines há décadas. Dada a recente decisão negativa da Suprema Corte do Chile, que reduziria significativamente os benefícios de nossa parceria, uma vez que o Chile não faria parte do possível acordo comercial conjunto, entendemos a decisão da LATAM de fazer parceria com uma companhia aérea americana que não é afetada pela decisão. Além disso, não se espera que essa mudança na parceria tenha um impacto financeiro significativo para a American, pois o relacionamento atual forneceu menos de US$ 20 milhões em receita extra à American”, declarou a companhia aérea.
“A LATAM comunicou à oneworld sua decisão de fazer parceria com uma companhia aérea fora da aliança. A LATAM também informou à oneworld que pretende deixar a aliança no devido tempo e de acordo com os requisitos contratuais formais. Estamos decepcionados, mas respeitamos a decisão deles. Eles têm sido um valioso membro de longo prazo da aliança, e desejamos-lhes o melhor”, disse a aliança em nota.
Reequilíbrio de forças
Com a nova sociedade, haverá um reequílbrio de forças em alguns pontos estratégicos do tráfego aéreo entre a América do Sul e o Hemisfério Norte.
Os voos entre o Brasil e os Estados Unidos, por exemplo, terão um impulso maior já que a LATAM possui uma atuação bem mais ampla do que a Gol, inclusive na Flórida, onde a Delta reduziu sua presença. Para os passageiros da LATAM, haverá uma malha quase tão ampla de conexões para outros destinos na América do Norte e menos sobreposição já que a Delta tem focado os voos para seu hub em Atlanta.
Na Europa, a parceria com a British Airways perde sentido para a LATAM. Agora é a Virgin Atlantic que poderá ser uma contrapartida para a empresa sul-americana.
A ex-parceira Air France voltará a ter uma ligação indireta com a LATAM, assim com o KLM. Hoje as duas empresas europeias têm uma grande malha de voos para o Brasil, incluindo o novo hub em Fortaleza e que era alimentado por voos da Gol. A tendência é que a LATAM passe agora a compartilhar voos na capital cearense no lugar da sua concorrente brasileira.
Quanto à frota, o repasse de parte dos A350 para a Delta sinaliza que a LATAM pode buscar uma padronização em seus equipamentos a médio prazo. Atualmente, o grupo opera também o Boeing 787 além de ter decidido reformar os 10 Boeing 777-300ER herdados da TAM. Resta entender como o braço brasileiro da LATAM ampliará sua frota de jatos de longa distância sem contar com o moderno birreator da Airbus – apenas nove jatos continuarão em sua frota. Também fica no ar se após a saída da Oneworld, a LATAM poderá entrar na Skyteam a médio prazo, aliança que reúne a Delta e a Air France-KLM, além da Aerolineas Argentinas, por exemplo.
Certo mesmo é que o negócio entre as duas companhias aéreas deverá desencadear outras mudanças importantes na região no futuro, espera-se que para o bem dos seus clientes.
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Sorte a Latam. Sucesso a Gol. E que outras empresas venham. So nao podem ser empresas racistas como é a Azul.