Um negócio que promete balançar o mercado de jatos comerciais está prestes a ser decidido em breve, revelou a Bloomberg nesta quarta-feira. Trata-se da encomenda de pelo menos 150 aviões pela Southwest Airlines, a gigante low cost dos EUA. E a vencedora dessa disputa deverá ser a Boeing com o modelo 737 MAX 7.
A companhia aérea, que é a maior operadora do 737 no mundo, deverá anunciar um volumoso pedido da variante MAX 7, a menor da família, a fim de substituir antigos 737-700 atualmente em uso.
Segundo a Bloomberg, o acordo deve envolver a entrega de 150 a 200 jatos, o que significa menos da metade dos 737-700 presentes na Southwest – 473 aviões com média de idade de 16,6 anos, segundo o site Planespotters.
Caso a encomenda seja confirmada, será um duro golpe para a Airbus, que esperava quebrar o monopólio da Boeing em relação à Southwest, uma fiel cliente do 737 por muitos anos, e com conseguiu colocar em prática seu plano de redução de custos operacionais e de treinamento de tripulantes.
De fato, a companhia aérea sediada em Dallas sempre relutou em adotar uma segunda aeronave, ainda por cima de outro fabricante, mas os problemas com o 737 MAX e a nova realidade do tráfego aéreo após o início da pandemia, em que aviões menores parecem mais adequados à demanda, teria feito a Southwest repensar sua estratégia.
Mais eficiente
Para tornar a decisão ainda mais complicada, o A220-300, aeronave cujo chefão da Southwest, Gary Kelly, admitiu analisar desde 2019, é um produto muito mais eficiente que o 737 MAX 7, modelo que colecionou poucos pedidos até aqui.
Embora o MAX 7 leve mais passageiros (150) e tenha maior alcance, é uma aeronave mais pesada e que só se torna atraente em rotas mais longas. Com 145 lugares, o A220 tem um custo operacional por assento mais baixo e sua autonomia é adequada para a maior parte da malha aérea onde hoje o 737-700 é utilizado.
Por essas razões, cogitou-se que a Southwest poderia enfim romper com a tradição da Boeing, ainda reforçado pelo fato de que a nova aeronave será a base da frota. Com o jato da Airbus, a companhia poderia passar a implementar uma nova padronização de equipamento e, quem sabe, até optar pela família A320 nas rotas de maior volume de passageiros.
Por todo o simbolismo, perder a Southwest como um dos seus principais clientes seria para a Boeing algo extremamente grave. Para convencer a companhia aérea dos EUA a permanecer com o 737 MAX certamente a fabricante deve oferecer um bom desconto e condições vantajosas que compensem parte do que a Airbus poderia colocar na mesa.
Afinal de contas, mudar para uma nova aeronave e um novo fabricante numa companhia que opera milhares de voos nos EUA não é uma tarefa agradável e muito menos barata.
A ironia da disputa é que o A220 mais uma vez tornou-se uma pedra no sapato da Boeing. Quando ainda era o C Series, da Bombardier, o novo bimotor derrotou o MAX 7 num pedido com a Delta Air Lines, provocando protestos injustificados da fabricante norte-americana. Desta vez, a Boeing parece que vencerá o round, mas com certeza isso envolverá um alto custo.