Richard Branson, o excêntrico bilionário britânico dono da empresa Virgin, comemorou nesta terça-feira (13) um marco em seu projeto de turismo espacial. A nave SpaceshipTwo, construída pela Virgin Galactic, voou até o espaço exterior ao chegar de cerca de 82.720 metros (51,4 milhas) de altitude no seu quarto voo tripulado e que durou 60 segundos a uma velocidade máxima de Mach 2.5.
Lançada a cerca de 15.000 metros (50.000 pés) pelo “avião-mãe” White Night, a SpaceshipTwo então aciona seu motor foguete híbrido para acelerar a velocidades supersônicas e chegar a um nível de voo considerado “suborbital”.
O voo realizado nesta quinta-feira foi pilotado por Mark “Forger” Stucky e Frederick “CJ” Sturckow, este último um ex-astronauta da NASA que participou de quatro missões a bordo do Space Shuttle.
Por falar na espaçonave aposentada da NASA, foi a primeira vez que um nave americana tripulada chegou ao espaço desde o fim das missões do ônibus espacial, em 2011. Além disso, nunca antes uma veículo espacial comercial e civil atingiu o espaço.
Linha de Kármán
Branson tem grandes esperanças de tornar possível num futuro breve as viagens espaciais comerciais com seu projeto. A Virgin Galactic escolheu uma técnica em que os lançamentos são feitos a partir de uma nave-mãe e com isso tornou o voo espacial mais simples que os tradicionais foguetes que partem da superfície.
Apesar disso, o projeto sofreu um imenso revés quando a primeira SpaceshipTwo, batizada de VSS Enterprise, sofreu um acidente em 2014. Agora, a VSS Unity, sua sucessora, parece pronta para voos cada vez maiores.
Entretanto, o espaço exterior não é um limite claro. O fim da atmosfera tem diferentes abordagens e altitudes. Para a NASA, ultrapassar os 80 km de altitude significa atingir o espaço, o que é reconhecida pela agência com uma insígnia especial – a FAA também considerou que o voo da Virgin Galactic atingiu o espaço e dará “asas” para os dois pilotos como reconhecimento pelo feito. Mas existem teorias que apontam que o limite entre a atmosfera e o espaço exterior começa mais em cima, a 100 km, a chamada Linha de Kármán.
Espaço exterior ou não, a 80 km de altitude os ocupantes de uma espaçonave sentem a ausência de gravidade e podem ver a curvatura da Terra, uma experiência semelhante a que os tripulantes do avião-foguete X-15 sentiam na década de 60 em seus arriscados voos suborbitais.
Mas Richard Branson quer mais: a SpaceShipTwo deve atingir um dia 110 km: “Desde que assisti aos pousos na Lua quando criança, olhei para os céus com admiração. Nós começamos a Virgin há quase 50 anos sonhando grande e amando um desafio. Hoje, enquanto eu estava entre o grupo verdadeiramente notável de pessoas com os olhos nas estrelas, vimos o nosso maior sonho e o nosso maior desafio até esta data cumprido”, disse o empreendedor britânico após o voo histórico.
O voo da SpaceShipTwo, no entanto, está bem distante de onde a ISS, a estação espacial internacional orbita, a cerca de 250 milhas (400 km). Para os futuros passageiros da Virgin Galactic certamente esses detalhes técnicos não vão estragar o prazer de chegar tão longe.
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