A corrida para viabilizar novos jatos de passageiros supervelozes ganhou mais um capítulo nesta semana nos EUA. A startup Hermeus apresentou o primeiro protótipo da sua aeronave batizada de “Quarterhorse”, uma analogia aos cavalos Quarto de Milha, conhecidos pela velocidade.
O jato não tripulado será capaz de voar não a velocidades supersônicas, mas sim hipersônicas. A meta da Hermeus é conseguir atingir Mach 5, ou mais de 6 mil km/h.
Os fundadores da empresa imaginam que o modelo de produção em série chegará ao mercado até o final da década, tornando real a possibilidade de viajar entre Nova York e Londres em apenas 90 minutos – contra 7 horas atualmente.
Para conferir mais dramaticidade e emoção à apresentação do Quarterhorse, a startup acionou o motor J85, um turbojato bastante conhecido por equipar o caça F-5 Tiger II.
No entanto, o avião revelado nesta semana é apenas um protótipo estático, que foi construído em apenas quatro meses para testar os processos de manufatura. Ainda assim, a Hermeus quer fazer voar um primeiro jato em 2022, mas ainda sem fornecer detalhes sobre os planos.
Para obter uma velocidade tão elevada, a fabricante usará uma tecnologia chamada de TBCC (Turbine-Based Combined Cycle), que traduzindo de forma genérica significa combinar um motor turbojato comum com um Ramjet ou Scramjet.
Apoio da Força Aérea dos EUA
Eis aí o grande desafio dos aviões hipersônicos já que é preciso ter a capacidade de propulsão em baixas velocidades e altitude, mas também em grande altitude a fim de atingir Mach 5. Hoje os poucos projetos de alta velocidade são levados a bordo de aviões convencionais e lançados do ar.
Com o TBCC, o motor turbojato fará o papel de tirar a aeronave do solo enquanto o Scramjet assumirá o papel de leva-lo a velocidades elevadas. Isso porque esse tipo de motor não possui partes móveis como fans ou compressores já que em grande altitude o deslocamento muito acima da velocidade do som já faz o papel de aquecer e comprimir o ar.
Apesar de ter sido criada há pouco tempo, a Hermeus já conta com o suporte da Força Aérea dos EUA, que investiu US$ 60 milhões no projeto neste ano.
“Há menos de três anos, isso parecia quase impossível. E passou de quase impossível, para possível, para provável hoje, e espero que em breve, vôo real ”, disse Vinod Khosla, bilionário que foi um dos co-fundadores da Sun Microsysyems e está por trás da nova startup.
“Quando uma empresa aeroespacial normalmente apresenta uma nova aeronave, ela nada mais é do que isopor e fibra de vidro”, disse Skyler Shuford, Chefe de Operação da empresa. “Mas na Hermeus, buscamos produtos integrados. E nós realmente gostamos de fazer ‘fogo’”.