A startup Acubed, de Palo Alto, na Califórnia, iniciou uma série de voos com um bimotor Beech Baron equipado com diversas câmeras e sistemas. O fato não chamaria muita atenção se a Acubed não fosse parte da Airbus.
Em entrevista ao Flight Global, o CEO da empresa, Mark Cousin, confessou qual é a meta da gigante europeia: “Certamente acreditamos que a próxima geração de aeronaves de corredor único será capaz de coar com apenas um piloto”.
Cousin não disse claramente, mas ele citou o futuro avião que substituirá o A320, jato comercial mais vendido da Airbus. O impacto de oferecer no mercado uma aeronave capaz de transportar entre 150 e 240 passageiros com apenas um piloto é enorme.
Embora a carga de trabalho da tripulação tenha sido reduzida nas últimas décadas, colocar parte da responsabilidade por centenas de pessoas a bordo “nas mãos” de um algorítimo é um passo sem igual. Significa afirmar que esse “piloto virtual” terá de ser capaz de pousar um avião sem qualquer interferência humana. Para tornar essa tecnologia viável é preciso colher o máximo de dados e por isso o Baron tem sido usado para captar dados de imagem de várias câmeras.
Um dos próximos passos será equipar os atuais jatos com esse sistema de câmeras para coletar uma base imensa de dados que serão usados no processo de inteligência artificial, ou seja, de ‘aprendizado’ do sistema.
Só com uma tecnologia robusta e testada incansavelmente será possível oferecer essa possibilidade às companhias aéreas. Se a previsão de estreia do sucessor for confirmada, esse cenário se materializará apenas em 2030. A Airbus planeja iniciar o desenvolvimento do ‘novo A320’ na segunda metade da década, mas os efeitos da atual crise global podem empurrar essa previsão para frente.
Questões legais
Para as companhias aéreas, poder cortar pela metade a necessidade de mão de obra significará uma economia de custos sem paralelo. Mas a tecnologia deve causar imensas discussões regulatórias, trabalhistas e de segurança. No entanto, parece ser um caminho natural para a aviação. As cabines de comando das aeronaves comerciais têm perdido tripulantes à medida que a tecnologia avança. Primeiro foi a figura do navegador nos anos 60 e mais tarde do engenheiro de voo, sem que isso afetasse a segurança do voo.
Os acidentes com o 737 MAX, por outro lado, fazem crer que a exigência de certificação de sistemas automatizados deverá ser mais do que rigorosa. A falha do sistema MCAS, que deveria ajudar os pilotos em alto ângulo de ataque, acabou tornando-se o inverso, causando a morte de quase 350 pessoas.
Mais do que nunca, saber o que “sentará do lado direito” da cabine de comando será crucial para fabricantes, companhias e passageiros.
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Acabou a saga dos piloco que gosta de plantar avião na pista, só comando vai voar agr.
Não sei se é pra rir ou chorar.