Projeto russo que pode resultar num dos maiores aviões do mundo, o “Slon” (Elefante, em russo) pode buscar alguma inspiração no design da nova geração do Boeing 777, que possui pontas de asas dobráveis. O item, que melhora a eficiência aerodinâmica da aeronave em voo e reduz sua envergadura em solo, foi sugerido para ser aplicado no supercargueiro russo proposto para substituir os antigos quadrimotores ucranianos Antonov An-124 em serviço na Rússia.
A possibilidade o recurso na aeronave partiu do Instituto Aerohidrodinâmico Central de Moscou (TsAGI), o tradicional centro de pesquisas aeronáuticas da Rússia. Em comunicado, Alexander Krutov, pesquisador de tecnologia integrada do TsAGI, disse que “é muito cedo, nesta fase, para fazer uma escolha inequívoca” sobre a introdução das pontas de asa dobráveis.
Krutov, por outro lado, reconheceu que o mecanismo nas asas “tornará a aeronave mais pesada, mais difícil de construir e mais cara de fabricar”, mas que sua introdução “terá um efeito positivo em sua aerodinâmica”. Além disso, o pesquisador russo disse que “a redução da envergadura permitiria que a aeronave seja baseada em um número maior de aeroportos”.
Iniciado em 2017, o projeto do Slon é uma das maiores ambições da indústria aeronáutica russa que atualmente não possui aeronaves de grande porte, tarefa que cabia à ucraniana Antonov. Com os embates entre a Rússia e a Ucrânia ao longo desta década e a eclosão da guerra entre os dois países neste ano, o relacionamento entres as nações foi cortado, prejudicando a operação dos An-124.
Sem contar com o expertise dos antigos aliados da Ucrânia, a Rússia decidiu projetar seu próprio cargueiro de grande porte, embora o design da aeronave tenha claras semelhanças com o An-124. Entretanto, o Slon, ao menos no papel, é bem mais avançado que o antigo Antonov.
Por ora, o TsAGI divulgou que pretende equipar a aeronave com os novos turbofans PD-35, mais potentes e econômicos que os motores do enorme Antonov, e partes da fuselagem serão construídas em materiais compostos para reduzir seu peso. A intenção é que o Slon seja capaz de transportar até 180 toneladas, 30 ton a mais que o An-124, por 5.000 km – ou 7.000 km com 150 ton de carga.
Apesar de todo frenesi em torno do projeto, ainda não há uma previsão sobre a entrada em serviço do Slon. O que se tem até o momento é apenas uma maquete da aeronave que vem sendo usada em provas de túnel de vento.
Dois terços dos Antonov 124 foram fabricados em Ulianovsk na Rússia.