A Boom Supersonic, uma startup norte-americana que ambiciona relançar os voos supersônicos comerciais de passageiros, anunciou a conclusão da “Overture Superfactory”, um enorme hangar com 16,6 mil metros quadrados onde serão montados o “substituto do Concorde”.
A fábrica de aviões supersônicos está localizada no Aeroporto Internacional Piedmont Triad, em Greensboro, Carolina do Norte, e será capaz de montar 33 aeronaves por ano, explicou a Boom.
O plano, no entanto, é ter uma segunda linha de montagem semelhante e que permitirá que a capacidade dobre, mas a empresa não diz quando isso poderá ocorrer.
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Por enquanto, a startup fundada por Blake Scholl, um ex-chefão da Amazon e do Groupon, tem tarefas mais urgentes e complexas pela frente, a principal delas viabilizar a construção do jato supersônico, que ainda não passa de ilustrações bonitas.
Segundo a Boom, a futura fábrica passará a receber equipamentos e ferramentas que darão forma ao Overture, nome do jato de quatro motores com capacidade para levar até 80 passageiros a bordo.
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O primeiro trabalho será desenvolver processos de fabricação, otimizar o fluxo da linha de montagem e preparar a equipe para a produção por meio de uma unidade de célula de teste avançada.
“A construção da Overture Superfactory representa um marco importante para garantir a liderança contínua dos Estados Unidos na fabricação aeroespacial”, disse Scholl. “O voo supersônico transformará as viagens aéreas e o Overture oferece uma alternativa inovadora muito necessária para companhias aéreas em todo o mundo”.
Muitas incertezas pelo caminho
A despeito do otimismo exarcebado da Boom, o programa da aeronave supersônica de passageiros caminha em ritmo lento.
A empresa construiu um demonstrador de tecnologia, o XB-1, que está sendo testado em Mojave e completou seu primeiro voo apenas em março.
Mas o XB-1 não compartilha mais a mesma configuração do Overture, já que a Boom alterou o projeto significativamente anos atrás.
Em vez de trimotor, o jato supersônico será um quadrimotor e com fuselagem acinturada, mudanças não incorporadas pelo avião experimental.
O XB-1 também usa o motor turbojato J79, o mesmo que equipa o caça F-5 da FAB, enquanto o Overture será equipado com o inédito turbofan Symphony em desenvolvimento por um consórcio formado pela Boom, já que as grandes fabricantes não se interessaram pelo projeto.
A Boom Supersonic afirma ter 130 pedidos e pré-pedidos de American Airlines, United Airlines e Japan Airlines, mas há desafios pela frente.
Um deles é que o Overture não conseguirá minimizar o estampido sônicoe por isso não poderá sobrevoar áreas povoadas nos Estados Unidos, limitando o voo supersônico sobre o mar, assim como ocorreu com o Concorde.
A aeronave poderá utilizar 100% de Combustível de Aviação Sustentável (SAF), porém, sabe-se que a alternativa é apenas um paliativo se comparada às metas de redução de carbono para as próximas décadas.
Se conseguir levar o projeto à frente, a empresa poderá aproveitar um nicho hoje sem competidores e oferecer uma aeronave que certamente despertará interesse de clientes de altíssima renda, aborrecidos em passar horas demais dentro de aviões subsônicos.
O caminho até lá, no entanto, é bem lento, pelo visto.
Eu sinceramente torço para que a empresa tenham sucesso. Mas é aquela coisa, quanto menos resultado mostrar, menos investimento terá.