A sigla é familiar para nós, brasileiros, mas a história por trás dessa nova companhia aérea pouco tem a ver com a iniciativa do grupo Itapemirim, que lançou sua empresa, a Itapemirim Transportes Aéreos, em junho.
Em outubro uma outra ITA, a Italia Trasporto Aereo, dará início às suas operações com um desafio ainda maior que sua ‘xará’ brasileira. Trata-se de mais uma tentativa da Itália em manter saudável uma empresa aérea de grande porte.
A ITA tem como missão substituir a atual Alitalia, uma reencarnação mal sucedida da companhia aéreo original, nascida em 1946 e que sucumbiu em dezembro de 2008. No ano seguinte, uma nova Alitalia surgiu com os ativos lucrativos da antiga.
A “nova Alitalia”, no entanto, não mudou os maus hábitos da velha, acumulando prejuízos, mesmo com parcerias com grupos importantes como Air France-KLM e Etihad. Em maio de 2017, a companhia aérea entrou em recuperação judicial e foi nacionalizada.
Desde então, o governo italiano tentava encontrar um interessado em assumi-la, o que não ocorreu. No ano passado, a empresa foi assumida completamente pelo poder público em meio à pandemia do coronavírus.
A solução encontrada foi fundar uma nova companhia aérea, a Italia Trasporto Aereo, que agora assumirá parte da Alitalia a partir de 15 de outubro, após acerto entre o governo e a União Europeia.
Como não poderia ser diferente, a nova empresa surgirá em meio a várias indefinições. Embora adote uma nova marca, que também evidencia a bandeira italiana, a ITA pode virar Alitalia desde que seja a vitoriosa num leilão da denominação a ser realizado no futuro. A direção da companhia considerou a marca “um elemento essencial na implementação do referido Plano”, em comunicado divulgado na quinta-feira.
Voo para São Paulo em meados de 2022
Com o fim da Alitalia, a partir do dia seguinte, a ITA manterá apenas parte das rotas e aviões. Serão 52 aeronaves (sete deles widebodies), mas que devem chegar a 78 unidades, incluindo a chegada de 13 novos jatos de longo alcance. A meta em 2025 é ter uma frota com 105 aviões.
Inicialmente serão operadas 61 rotas para 45 destinos, mas que serão ampliados para 74 em 2025. Durante o próximo verão no hemisfério norte (junho de 2022), a ITA deverá retomar voos internacionais para algumas rotas intercontinentais, incluindo São Paulo e Buenos Aires.
A ITA concentrará seus voos em dois hubs, Milão Linate, com 85% dos slots da Alitalia, e Roma Fiumicino (43% dos slots).
Entre 2.750 e 2.950 funcionários formarão o staff responsável pela operação da companhia aérea, chegando a 5.700 pessoas em quatro anos. As atividades de manutenção e serviços de handling serão leiloados pela Alitalia de forma separada, mas a ITA participará da concorrência. Se for vitoriosa, ela deve contratar mais 4 mil pessoas para essas divisões.
“A aprovação do plano de negócios da ITA pela Comissão Europeia atesta a solidez do projeto em termos de investimento por parte do acionista público, e é um resultado importante que pavimenta o caminho para o lançamento da companhia”, afirmou Alfredo Altavilla, presidente da empresa.
“Agora, dentro de 90 dias devemos concluir a transição que levará à decolagem da primeira aeronave em 15 de outubro”, completou. Os acionistas da ITA já aprovaram um aumento de capital para 700 milhões de euros.
O plano aprovado prevê atingir o equilíbrio financeiro no terceiro trimestre de 2023, e chegar a um lucro de 209 milhões de euros em 2025.
Apesar do otimismo, o caminho para a nova empresa aérea italiana será duro. A ITA estreará possivelmente menor que a Ryanair, a agressiva low-cost irlandesa, que já neste mês planeja operar 100 rotas a partir da Itália. E ainda precisa provar que aprendeu a lição com os erros de suas antecessoras.