A Embraer está presente no Dubai Airshow, mas sem ter feito nenhum anúncio de vendas até esta quinta-feira (16). Se faltaram encomendas até aqui, ao menos a empresa brasileira tem dado a entender que novos negócios estão muito perto de ocorrer.
As principais conversas de seus executivos com jornalistas presentes no evento envolveram o C-390 Millennium, avião de transporte tático desenvolvido como uma alternativa mais moderna e eficaz que o C-130 Hercules.
Desde 2022, a aeronave teve três vitórias em concorrências na Europa. Primeiro a Holanda anunciou que pretende encomendar cinco C-390 e em setembro deste ano foi a vez da Áustria confirmar o interesse em quatro aviões.
No mês passado, a República Tcheca, parceira do programa, selecionou o avião da Embraer para equipar sua força aérea com duas unidades.
Em Dubai, no entanto, nenhum novo pedido, a despeito de a Embraer estar em negociações com a Arábia Saudita e Egito, países da região.
À Aviation Week, o CEO da divisão de Defesa e Segurança, João Bosco Costa Jr., apontou a Coréia do Sul como o mais próximo potencial pedido. O vencedor da concorrência LTA-II deverá ser anunciado na primeira semana de dezembro.
A Força Aérea da República da Coreia (ROKAF) pretende encomendar de quatro a seis aeronaves cargueiras e o rival do C-390 na disputa é o C-130J, variante atualizada do turboélice quadrimotor da Lockheed Martin.
A despeito de ter fechado parcerias com empresas sul-coreanas para dar suporte à frota em caso de vitória, a disputa é bastante difícil.
A ROKAF já opera o C-130J e é um parceiro próximo dos Estados Unidos. Além disso, a KAI, fabricante estatal, estuda um avião de transporte semelhante ao Millennium, mas com capacidade de carga maior. O futuro da aeronave é incerto, no entanto.
Índia pode dar origem ao maior pedido de aeronaves
Não muito longe dos Emirados Árabes Unidos está talvez o acordo mais desejado. A Força Aérea da Índia lançou um pedido de informações para o programa MTA, que pode significar um pedido de 40 a 80 aeronaves.
A necessidade da Índia é bastante coerente com a proposta da Embraer e uma eventual produção no país seria uma vantagem incontestável para a indústria local, visto queo C-390 é uma aeronave de ponta.
A concorrência, no entanto, ainda pode demorar a ser concluída e deve exigir negociações bastante complexas em transferência de tecnologia e divisão de trabalho.
Por fim, a Suécia parece ser atualmente o mais provável cliente do avião brasileiro. A Força Aérea do país nórdico precisa substituir seus antigos Hercules e chegou a anunciar um plano de contar com o C-130J, mas que foi desfeito no começo do ano.
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O que está em jogo, nesse caso, é uma parceria entre a Embraer e Saab, que se aproximaram durante a gestão do programa F-X2, de fornecimento de caças Gripen E/F para a Força Aérea Brasileira (FAB).
As duas empresas já selaram um acordo em que juntas irão propôr o C-390 Millennium para a Força Aérea da Suécia, parceria essa que foi reafirmada durante o Dubai Airshow.
Trata-se, portanto, de uma situação ganha-ganha: a Suécia compra o C-390 enquanto o Brasil amplia seu pedido de caças Gripen.
Os próximos meses dirão quem será o sétimo cliente do Millennium.