Avião militar brasileiro mais vendido no mundo, o Super Tucano pode aparecer na lista de compras da Ucrânia nos próximos anos. Em comunicado divulgado na última semana, a força aérea ucraniana disse que o turboélice da Embraer é uma opção para a vaga dos antigos jatos L-39 Albatros fabricados na Checoslováquia, que nos país do leste europeu servem como aeronaves de treinamento e ataque leve.
“A aeronave Super Tucano foi considerada durante viagem de trabalho da delegação da Força Aérea das Forças Armadas da Ucrânia ao Brasil em 2019, como uma aeronave de treinamento e combate que pode substituir a chamada “carteira escolar” para aviadores militares, a aeronave de treinamento e combate L-39”, informou a força aérea da Ucrânia pelas redes sociais.
O comunicado ucraniano era um “puxão de orelha” à imprensa, que havia divulgado uma informação errada sobre o interesse do país no Super Tucano, sugerindo que o avião brasileiro seria um substituto para os caças Su-27 e MiG-29 e os jato de ataque Su-24 e Su-25. Continuando a bronca, o informe acrescentou que futuramente esses aviões serão trocados por um “caça multifuncional de geração 4 ++ de produção estrangeira, mas não é Embraer EMB-314 Super Tucano”. Era demais mesmo.
De toda forma, o Super Tucano está na pauta dos ucranianos. O assunto foi um dos temas discutidos no encontro do presidente Jair Bolsonaro com seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na cerimônia de entronização do imperador Naruhito, em dezembro de 2019. Na ocasião, a delegação brasileira também ofereceu à Ucrânia o cargueiro multimissão C-390 Millennium da Embraer. Antes disso, o assunto era ventilado em fóruns militares ao redor do mundo e militares ucranianos visitaram instalações da FAB no ano passado.
Como ressaltou o força aérea ucraniana, o turboélice fabricado no Brasil é apropriado para missões de ataque leve e treinamento avançado de pilotos. Aqui no Brasil, o Super Tucano, por exemplo, é o avião que prepara os pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB) para voar nos caças F-5 e A-1 (e futuramento no Gripen E/F), tarefa que antes era realizada com os jatos Xavante. A aeronave brasileira também cumpre essa função nas forças aéreas do Equador, Colômbia e Chile.
Relíquia dos tempos em que a Ucrânia era uma das repúblicas da União Soviética, os jatos L-39 Albratros, embora mais rápidos, são caros de operar e já estão obsoletos. Existem propostas para modernizar essas aeronaves, incluindo a troca dos antigos painéis com instrumentos analógicos por novas telas digitais e opções de sensores e armamentos, mas isso não resolve a questão do alto custo de manter um jato voando. Em contrapartida, o Super Tucano é um turboélice “digitalizado” de baixo custo, capaz de atender demandas de treinamento e ataque leve e tem eficiência em combate comprovada. A Embraer não comentou sobre o possível interesse dos ucranianos.
A força aérea ucraniana ainda tem cerca de 60 Albratros em serviço. A escolha de um novo avião de treinamento precisa combinar com a seleção do novo caça que a Ucrânia pretende adquirir. Pressionada pela Rússia na última década, o país agora precisa ir às compras no Ocidente para reforçar suas forças armadas, equipada tradicionalmente com recursos russos. Será uma mudança completa de requisitos operacionais e o início de um novo intercâmbio militar com outras nações.
Além da FAB, dona da maior frota de Super Tucano, o turboélice projetado no Brasil também é empregado nas forças armadas de outros 12 países nas Américas, África, Ásia e Oriente Médio, e soma mais de 240 unidades entregues.
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