A parceira da Azul e da TAP sobreviveu à saída forçada de David Neeleman da sociedade da empresa aérea portuguesa, mas o recente impasse entre elas pode pôr fim a um relacionamento mútuo altamente benéfico.
Tudo porque a transportadora brasileira cobra um empréstimo de 90 milhões de euros (cerca de R$ 500 milhões) feito à TAP em 2016, quando Neeleman era seu principal acionista.
O acordo entre elas prevê que o pagamento da dívida será feito em 2026, porém, a Azul cobra a quitação antecipada do valor corrigido em meio ao processo de reprivatização da estatal portuguesa.
Em desacordo, a Azul acionou o agente fiduciário do empréstimo, o que desagradou a direção da TAP. Mais grave: a companhia aérea brasileira ameaçou encerrar o amplo code-share entre elas, que é estratégico para distribuir os passageiros em ambos os países.
A situação se agravou em 13 de novembro, quando a TAP abriu um processo na Vara Cível de Lisboa para forçar a Azul a cumprir o acordo previamente.
Privatização em 2025
O desgaste na relação das duas parceiras ocorre em meio dificuldades financeiras da Azul que, por essa razão, busca reforçar seu caixa enquanto renegocia dívidas.
Por sua vez, a TAP está às vésperas de ser oferecida em leilão em 2025. A mudança de controle também motivou a Azul a buscar o pagamento do empréstimo, temendo mudanças que dificultem reaver o dinheiro.
A TAP é a maior transportadora estrangeira a operar no Brasil, com uma malha de voos bastante diversa que se beneficia do hub em Lisboa para seguir viagem pela Europa. A Azul faz o papel inverso, distribuindo os passageiros da TAP em território brasileiro.
Em outras palavras, o fim da parceria estratégica é desastroso para ambas. As duas empresas aéreas se aproximaram há quase uma década quando David Neeleman, fundador da Azul, se juntou ao empresário português Humberto Pedrosa em 2015 para vencer o leilão de privatização da TAP.
À frente da TAP, Neeleman modernizou a frota de aviões com jatos Airbus e tornou a empresa aérea mais dinâmica, mas o governo português decidiu recuperar seu controle anos mais tarde.