Um dia após a caças da força aérea da Índia bombardearem um campo de treinamento de terroristas no Paquistão, caças dos dois países se enfrentaram nesta quarta-feira (27) na região da Caxemira. Os paquistaneses alegam ter abatido dois caças indianos e tem dois pilotos em custódia. Nova Dheli, por sua vez, confirma apenas uma perda e ainda diz ter abatido um F-16 paquistanês, fato negado por Islamabad.
O porta-voz das forças armadas do Paquistão, General Asif Ghafoof, disse que um dos pilotos indianos estava sendo interrogado e o segundo, ferido, está hospitalizado.
O enfrentamento entre as aeronaves aconteceu ao longo da linha de controle que divide os territórios indiano e paquistanês na Caxemira, região que é disputada pelas duas nações desde 1947. Pelo menos uma aeronave da Índia caiu no lado no Paquistão.
Um vídeo que circula nas mídias sociais, publicado no Paquistão, mostra um piloto indiano vendado, aparentemente vestindo um traje de voo. O aviador foi identificado como comandante Abhi Nandan, um piloto de MiG-21. O outro caça supostamente derrubado pela força aérea paquistanesa e o destino de seu piloto não foram confirmados pela Índia.
Ainda nesta quarta-feira, o Paquistão em resposta à escalada suspendeu todos os voos comerciais em seu espaço aéreo. A movimentação já gerou uma série de cancelamentos de voos de companhias na Europa e Ásia. No Flight Radar 24, plataforma que acompanha voos em tempo real, o território paquistanês e o norte da Índia aparecem vazios.
Updates — Pakistani airspace remains officially closed (though some flights have continued to operate in/out of Karachi.
Due to Pakistan airspace closure, Afghanistan airspace is closed to overflights. Flights to/from/within Kabul FIR are allowed.https://t.co/9NeSPvJkSy pic.twitter.com/b0SYLH8ODo
— Flightradar24 (@flightradar24) 27 de fevereiro de 2019
Disputa antiga
O combate aéreo entre os caças aconteceu um dia depois de a Índia ter invadido o espaço aéreo do Paquistão na Caxemira com 10 caças Mirage 2000 e bombardeado uma suposta instalação do grupo terrorista paquistanês Jaish-e-Mohammed, em Balakot, usando bombas de precisão Spice 1000, fabricadas em Israel.
A ação militar foi um resposta ao ataque terrorista que matou 40 soldados indianos na Caxemira, na parte da Índia. O grupo Jaish-e-Mohammed assumiu a autoria do ataque.
A Índia e o Paquistão reivindicam a Caxemira em sua totalidade. A região é alvo de disputa entre os dois países desde suas independências e separações territoriais – ambos formavam apenas um território controlado pelo Reino Unido até 1947.
New photo circulating of Pakistani soldier posing on wreckage appears genuine as #IAF markings are clear and pitot tube (blue) and hatch/fairing position (red) confirm this is the starboard side nose section of a Mig-21Bis #IndiaPakistan pic.twitter.com/KoDhV86tr1
— Justin Bronk (@Justin_Br0nk) 27 de fevereiro de 2019
Segundo uma resolução da ONU datada de 1947, a população local deveria decidir a situação política da Caxemira por meio de um plebiscito sobre da independência do território. Tal votação, porém, nunca aconteceu, e a região foi inicialmente incorporada à Índia, o que contrariou as pretensões do Paquistão e da população local, de maioria muçulmana, e levou a primeira guerra entre os países.
O primeiro conflito, entre 1947 e 1848, termina com a divisão da Caxemira: cerca de um terço fica com o Paquistão e o restante com a Índia. A região, entretanto, ainda motivou mais quatro grandes conflitos declarados entre os países, além de uma série de combates separados.
Como elementos de dissuasão e ameaça, os dois países iniciam uma corrida armamentista regional e desenvolveram suas próprias armas nucleares.
A China também controla uma parte da Caxemira, conquistada da Índia durante a Guerra sino-indiana, em 1962. O Paquistão também já cedeu áreas da região de disputa aos chineses.
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