Voando há mais de 3 anos em campanha de testes, o jato chinês de passageiros COMAC C919 finalmente foi apresentado ao público na China. A aeronave esteve entre os destaques da Convenção Aérea de Nanchang, na província de Jiangxi, no último sábado (31/10).
De acordo com a agência estatal Xinhua, a passagem do C919 em Nanchang foi “a primeira apresentação desse tipo para um avião doméstico de passageiros”. Durante o evento, a COMAC informou que a certificação operacional da aeronave é esperada para o próximo ano.
A homologação do C919 é de responsabilidade da Civil Aviation Administration of China (CAAC), o equivalente chinês a ANAC do Brasil. A certificação da CAAC, no entanto, vale apenas para o mercado chinês. Para operar em outros países, o jato precisa ser avalizado por agências de aviação civil internacionais, como a FAA dos EUA e a EASA na Europa (ou a ANAC no Brasil).
Segundo a COMAC, a aeronave está em fase de testes intensivos em vários aeroportos pela China “para garantir que o avião atenda a todos os padrões de aeronavegabilidade”. A campanha de ensaios de voo e certificação do C919 vem sendo executada com seis protótipos.
Avião chinês para o mercado chinês
Ainda sem grandes ambições internacionais, a COMAC é uma fabricante estatal e tem como principal objetivo abastecer primeiramente o mercado aéreo chinês, hoje o segundo maior do mundo e no caminho para se tornar o primeiro, superando os EUA. No futuro, a empresa pode tornar a China independente da compra massiva de aviões fabricados no Ocidente, como ocorre atualmente.
O C919 é projetado para competir na mesma categoria dos tradicionais Airbus A320 e Boeing 737, os jatos comerciais mais vendidos do mundo. Segundo dados da fabricante, o jato chinês tem capacidade para receber até 168 passageiros e alcance em torno de 4.000 km.
A COMAC informa em seu site (sem diferenciar pedidos firmes e opções de compra) que possui 815 pedidos pelo C919 de 28 compradores diferentes, sendo a maioria empresas chinesas. O primeiro do novo jato chinês será a China Eastern Airlines.
Uma das metas de fabricante é produzir 2.000 exemplares do C919 nos próximos 20 anos para abastecer o mercado doméstico. A meta parece ousada, mas é totalmente plausível por um motivo: o governo chinês controla a maioria das companhias aéreas do país e exigirá que elas comprem os produtos da COMAC, como já vem acontecendo com o jato regional ARJ21. Não à toa, a empresa estatal já tem uma lista de pedidos cinco vezes maior que a da Embraer.
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