Acidente mais grave da história da Air France, o voo AF447, entre o Rio de Janeiro e Paris na madrugada de 31 de maio para 1º de junho de 2009, voltará a ser analisado pela Justiça da França nos próximos dias.
Segundo a mídia francesa, o Tribunal Criminal de Paris fará um julgamento correcional entre 10 de outubro e 8 de dezembro a fim de apurar se a Air France e a Airbus têm responsabilidade no acidente, ao contrário do que havia sido constatado em 2019.
O processo foi pedido pelo Ministério Público que acusa a Air France de ter ignorado o “nível de gravidade dos múltiplos incidentes de perda de indicação de velocidade que se sucederam em quinze outros voos entre maio de 2008 e maio de 2009”.
Os procuradores também acusam a Airbus de ter “subestimado a periculosidade dos incidentes anemométricos após o congelamento das sondas”. Em outras palavras, o efeito da pressão e velocidade do ar quando os tubos de pitot da aeronave pararam de funcionar por conta da baixíssima temperatura.
Acidente não previsto
O voo AF447 partiu do Aeroporto do Galeão com 216 passageiros e 12 tripulantes às 19h30 de 31 de maio. A aeronave, um A330-200 de matrícula F-GZCP, que havia sido fabricado em 2005, começou a enfrentar turbulências por volta de 2 horas de 1º de junho, quando sobreava o Atlântico ao norte do Brasil.
Após várias tentativas frustadas de estabilizar o voo, o jato atingiu o oceano por volta de 2h15, afundando logo em seguida. Todos os ocupantes faleceram, incluindo o então presidente da Michelin no Brasil, Luis Roberto Anastácio, e o príncipe Pedro Luis de Orleans e Bragança, descendente de Pedro II.
O relatório final do BEA, escritório de segurança na aviação francês, apontou que os tubos de pitot haviam congelado, interrompendo a leitura correta de velocidade, o que desorientou os pilotos. A causa para a queda teria incluídos erros da tripulação e fatores técnicos somados.
Inicialmente, os magistrados franceses consideraram que o acidente não tinha similar na aviação, e que isso impediu ações para impedir sua ocorrência. As acusações contra a Airbus e a Air France foram arquivadas em 2019, dez anos após o acidente.