Duas aeronaves Super Tucano deixaram a sede da Embraer em São José dos Campos (SP) nessa terça-feira (8) rumo ao Turcomenistão, apurou o Airway.
Os dois aviões (que usam as matrículas temporárias PT-ZHI e PT-ZHJ) estão neste momento em Recife (PE) e amanhã seguirão para Fernando de Noronha (PE) e, em seguida, para Cabo Verde, segundo dados do Flight Aware. O restante da rota que as aeronaves deverão percorrer até o país na Ásia Central ainda é desconhecido.
As aeronaves foram fotografas na sede da Embraer equipadas com tanques de combustível auxiliares de grande capacidade (e de uso exclusivo para voos ferry) e com identificações militares cobertas.
O suposto acordo da Embraer com a força aérea do Turcomenistão é um assunto que vem sendo discutido desde o ano passado, embora nenhuma das partes tenham confirmado a assinatura de um contrato. No mercado militar é comum fabricantes e clientes esconderem detalhes sobre negociações em andamento.
Em 13 de junho de 2019, a TV estatal do Turcomenistão divulgou imagens do que parecia ser uma demonstração do Super Tucano no país. A Embraer nunca confirmou essa exibição.
No exterior, comenta-se que o governo turcomeno acertou a compra de seis exemplares do Super Tucano. Em contato com o Airway, a Embraer informou que não vai comentar sobre o assunto.
Ex-república soviética, o Turcomenistão ainda mantém um inventário de equipamentos e aeronaves militares fornecidos pela antiga URSS, como o caças MiG-29 e o jatos de ataque Sukhoi Su-25, além de cargueiros Antonov e helicópteros Mil. Se a compra dos Super Tucano for confirmada, os turboélices fabricados no Brasil serão os primeiros aviões do Ocidente em serviço no país.
Vizinho de fronteira do Turcomenistão, o Afeganistão é um dos operadores mais ativos do Super Tucano, com mais de 20 aeronaves em serviço na força aérea, o que pode ter servido de inspiração aos turcomenos.
Sucesso de exportação
Com quase 300 unidades produzidas desde 2003, o Super Tucano é o avião militar brasileiro mais popular no mercado internacional nos últimos anos. A aeronave da Embraer já foi exportada para 15 países em três continentes e tem uma longa ficha de combate.
O Super Tucano vem sendo uma peça importante nos pacotes de ajuda militar dos EUA para nações que se comprometem a combater organizações terroristas. Alguns dos beneficiados por esse programa são o Afeganistão e o Líbano, que receberam aeronaves montadas na Flórida pela Sierra Nevada Corporation, empresa norte-americana parceira da Embraer na área militar. Outro país que vai receber os modelos “Made in USA” é a Nigéria.
O Super Tucano também está na disputa do programa OA-X da Força Aérea dos EUA (USAF), que busca um avião de ataque leve e reconhecimento e pode render uma encomenda por mais de 300 aeronaves. No início deste ano, a USAF interrompeu o projeto por tempo indeterminado, embora continue testando o modelo da Embraer e seu concorrente, o AT-6 Wolverine produzido pela Textron Aviation.
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