Vizinhos, Brasil e Venezuela passaram um bom tempo sem qualquer voo direto entre eles. O motivo inicial foi a pandemia do Covid, mas a situação não era favorável até 2022, quando os dois países estavam em opostos do campo político
Em 13 de abril de 2023 no entanto, os dois países voltaram a ter uma ligação direta, embora de ‘alcance’ limitado.
A estatal venezuelana Conviasa passou a voar entre Manaus e Ciudad Guayana/Puerto Ordaz uma vez por semana com o jato Embraer 190, de 104 lugares.
Contudo, passados mais de 18 meses de operação, a Conviasa não tem conseguido índices minimamente aceitáveis para sua operação, que não chegam na prática a ocupar metade dos assentos da aeronave brasileira.
Airway realizou levantamento junto à ANAC e analisou sua operação entre as duas cidades de janeiro a outubro deste ano. Veja
Mês | Passageiros pagos | Oferta | Ocupação |
---|---|---|---|
Janeiro | 414 | 800 | 51,75% |
Fevereiro | 441 | 1.000 | 44,10% |
Março | 322 | 800 | 40,25% |
Abril | 296 | 800 | 37,00% |
Maio | 364 | 1.000 | 36,40% |
Junho | 262 | 800 | 32,75% |
Julho | 316 | 800 | 39,50% |
Agosto | 527 | 1.000 | 52,70% |
Setembro | 510 | 800 | 63,75% |
Outubro | 615 | 1.000 | 61,75% |
Total | 4.067 | 8.800 | 46,22% |
Fonte: ANAC
Congelamento de dólares espantou Gol e LATAM do país em 2016
Como se pode constatar, a empresa conseguiu até aqui uma média 46% de ocupação, com alguns meses oscilando para mais de 50%, enquanto outros meses com índice muito baixos.
O quadro mostrou alguma recuperação nos últimos meses, mas em um cenário normal seria uma operação inviável economicamente.
Algumas possíveis explicações para o baixo aproveitamento podem ser o fato da ligação ser semanal e a operação ser do tipo charter – sem canais de venda direta com o passageiro.
A situação poderia ser melhor caso o voo seguisse para Caracas – capital econômica e política do país – e, sobretudo, existissem acordos de code-share com empresas brasileiras.
No entanto, os problemas políticos, econômicos e jurídicos da Venezuela certamente não ajudam a estabelecer uma relação confiável com a Conviasa e não é por acaso.
Desde 2016, a Gol e a LATAM não operam mais voos entre o Brasil e a Venezuela após o congelamento de dólares oriundos da venda de passagens.
Atualmente, transitar entre os dois países só é possível via um terceiro país, como Bolívia e Colômbia.
A ligação mais cômoda para os passageiros é com a Avianca em Bogotá ou via Boliviana de Aviación (BOA) via Santa Cruz de la Sierra.
Enquanto isso a Gol pretende voltar à Caracas, mas a partir de Bogotá, prolongando o voo entre Brasília entre a capital colombiana que será realizado duas vezes por semana em 2025.
Para os passageiros brasileiros representará melhor forma de acessar a Venezuela, apesar do voo ser mais de interesse para o mercado colombiano.