Único voo Venezuela-Brasil ‘bate lata’ em 2024

Rota entre Ciudad Guyana e Manaus é realizada apenas uma vez por semana pela estatal Conviasa, mas não tem conseguido preencher metade dos assentos
Um dos jatos Embraer E190
Um dos jatos Embraer E190 da Conviasa (Markus Eigenheer)

Vizinhos, Brasil e Venezuela passaram um bom tempo sem qualquer voo direto entre eles. O motivo inicial foi a pandemia do Covid, mas a situação não era favorável até 2022, quando os dois países estavam em opostos do campo político

Em 13 de abril de 2023 no entanto, os dois países voltaram a ter uma ligação direta, embora de ‘alcance’ limitado.

A estatal venezuelana Conviasa passou a voar entre Manaus e Ciudad Guayana/Puerto Ordaz uma vez por semana com o jato Embraer 190, de 104 lugares.

Contudo, passados mais de 18 meses de operação, a Conviasa não tem conseguido índices minimamente aceitáveis para sua operação, que não chegam na prática a ocupar metade dos assentos da aeronave brasileira.

Airway realizou levantamento junto à ANAC e analisou sua operação entre as duas cidades de janeiro a outubro deste ano. Veja

Mês Passageiros pagos Oferta Ocupação
Janeiro 414 800 51,75%
Fevereiro 441 1.000 44,10%
Março 322 800 40,25%
Abril 296 800 37,00%
Maio 364 1.000 36,40%
Junho 262 800 32,75%
Julho 316 800 39,50%
Agosto 527 1.000 52,70%
Setembro 510 800 63,75%
Outubro 615 1.000 61,75%
Total 4.067 8.800 46,22%

Fonte: ANAC

Voo entre Manaus e Puerto Ordaz foi retomado em 2023
Voo entre Manaus e Puerto Ordaz foi retomado em 2023

Congelamento de dólares espantou Gol e LATAM do país em 2016

Como se pode constatar, a empresa conseguiu até aqui uma média 46% de ocupação, com alguns meses oscilando para mais de 50%, enquanto outros meses com índice muito baixos.

O quadro mostrou alguma recuperação nos últimos meses, mas em um cenário normal seria uma operação inviável economicamente.

Algumas possíveis explicações para o baixo aproveitamento  podem ser  o fato da ligação ser semanal e a operação ser do tipo charter – sem canais de venda direta com o passageiro.

A situação poderia ser melhor caso o voo seguisse para Caracas – capital econômica e política do país – e, sobretudo, existissem acordos de code-share com empresas brasileiras.

No entanto, os problemas políticos, econômicos e jurídicos da Venezuela certamente não ajudam a estabelecer uma relação confiável com a Conviasa e não é por acaso.

Desde 2016, a Gol e a LATAM não operam mais voos entre o Brasil e a Venezuela após o congelamento de dólares oriundos da venda de passagens.

Boeing 737 MAX8 da GOL sobrevoa Pirassununga (SP) durante o “Domingo Aéreo” – Matheus Sciamana/EDA
A Gol pretende voar de Bogotá para Caracas como extensão de voo vindo de Brasília

Atualmente, transitar entre os dois países só é possível via um terceiro país, como Bolívia e Colômbia.

A ligação mais cômoda para os passageiros é com a Avianca em Bogotá ou via Boliviana de Aviación (BOA) via Santa Cruz de la Sierra.

Enquanto isso a Gol pretende voltar à Caracas, mas a partir de Bogotá, prolongando o voo entre Brasília entre a capital colombiana que será realizado duas vezes por semana em 2025.

Para os passageiros brasileiros representará melhor forma de acessar a Venezuela, apesar do voo ser mais de interesse para o mercado colombiano.

 

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