Maior aeroporto do Brasil, Guarulhos deve terminar o ano com um movimento de passageiros próximo de 45 milhões, o que seria recorde em seus quase 35 anos – a serem completados em 25 de janeiro de 2020. E, a despeito do descaso da Infraero por anos a fio e de uma concessionária, a GRU Airport, que tem feito uma gestão apenas razoável, o terminal aéreo tem evoluído e isso fica bastante claro ao compararmos imagens de satélite disponibilizadas pelo Google.
O Aeroporto Governador André Franco Montoro, como é oficialmente batizado, é há muito tempo a porta de entrada do país e exibe números superlativos, mas também situações incômodas como a falta de pontes de embarque ou as longas filas em imigração, como relatam passageiros em redes sociais. Fruto de uma licitação mal conduzida, a concessão expôs vários problemas como uma outorga irreal e baixas exigências de experiência em administração de aeroportos, o que acabou abrindo espaço para que construtoras e fundos de pensão do governo vencessem o leilão.
O resultado dessa equação pode ser visto nas imagens: mesmo precisando de um novo píer para dar conta de tantos voos, Guarulhos ainda terá de esperar algum tempo até que ele se materialize. Mas é possível ver que nos próximos meses a GRU Airport entregará uma nova área de pátio (pela metade, é verdade). A reforma do atual Terminal 2 também foi feita de forma parcial assim como a existência do triste “puxadinho” batizado de Terminal 1 (que utiliza velhos galpões de carga como área de passageiros) é um imenso contraste para um aeroporto desse porte.
Conclui-se que a evolução de “Cumbica”, outro dos seus nomes, ocorreu da pior forma possível, ou seja, sob pressão da demanda e não com planejamento e tempo. A seguir, veremos como o aeroporto evolui desde outubro de 2001, imagem mais antiga presente no Google.
Outubro de 2001
As “gambiarras” da Infraero já davam as caras na gestão de Guarulhos. Dez anos após abrir o Terminal 2, já era claro o erro de projeto, que ignorava o movimento internacional, que deveria, na visão do governo, ser concentrado no Galeão. Para corrigir o problema, a estatal resolveu ampliar as pontas do píers para receber mais e maiores jatos. A falta de pátio também era nítida e para isso foi criada uma nova área onde hoje está o Terminal 3. Obras da segunda pista de táxi se arrastavam, além das ruínas do hangar de manutenção da Vasp já prenunciarem anos de abandono.
Julho de 2006
Cinco anos depois, a Infraero havia entregue as novas extensões dos píers, mas mal conseguiu avançar na pista de táxi secundária. Aviões de companhias quebradas já ocupavam espaço do pátio, mas a estatal tocava o projeto de ampliação do aeroporto com a barriga.
Julho de 2012
Após gastar dinheiro com um projeto faraônico para o terminal 3 e na prática apenas converter terminais de carga em um terminal provisório, a Infraero entrega a administração de Guarulhos para a GRU Airport. Era o auge da economia propulsionada pelas commodities e o sonho da Copa do Mundo. A concessionária dá sequência ao trabalho de terraplenagem feito pelo Exército brasileiro e desenha um terminal mais simples e de construção mais veloz.
Março de 2013
Um ano após o leilão que concedeu Guarulhos à iniciativa privada já era possível ver as fundações e primeiros pilares do Terminal 3 assim como um edifício-garagem para desafogar o estacionamento do aeroporto. A falta de pátio persistia, com aviões enfileirados na pista de táxi incompleta.
Janeiro de 2014
O aeroporto começa a ficar irreconhecível com o avanço das obras. Os aviões que precisavam de algum tipo de manutenção rápida ganham um espaço no final da pista que liberou a finalização da segunda pista de táxi. Em poucos meses, Guarulhos passaria a contar com um novo e moderno terminal de passageiros exclusivo para voos internacionais.
Novembro de 2014
Com 200 mil metros quadrados e capacidade para atender 12 milhões de passageiros, o Terminal 3 de Guarulhos recoloca o aeroporto nos eixos. Com a nova pista de táxi e outros melhoramentos, o aeroporto passa pelo seu melhor momento em anos.
Julho de 2017
Para reduzir o contraste entre a nova área e as antigas, a GRU Airport inicia o que deveria ser uma profunda reforma nos terminais 1 e 2 que passam a ser unificados como o novo Terminal 2. Mas na prática a mudança é mais modesta e velhos gargalos permanecem. É a época em que a outorga elevada pesa, ainda mais com o crescimento da demanda frustrado pela crise econômica. Longe da área de passageiros, o esqueleto da Vasp é demolido para dar lugar a dois complexos de manutenção da LATAM e da American Airlines. A maior novidade, no entanto, é o início do voo da Emirates com o Airbus A380, maior avião de passageiros do mundo e que exigiu mudanças na pista e pátios.
Abril de 2018
O movimento começa a melhorar e a GRU volta a pensar na ampliação da infraestrura. Três novas pontes de embarque são iniciadas, duas no Terminal 2 e uma no início do píer do Terminal 3. Os hangares da LATAM e da American ganham forma e o aeroporto passa ter um serviço por trem nas proximidades porque a concessionária não cumpriu sua parte de ligá-lo com um monotrilho.
Fevereiro de 2019
Após bater seu recorde de passageiros em 2018, Guarulhos ganha mais algumas pontes de embarque e a concessionária inicia a construção de um novo pátio onde ficará o maior píer do aeroporto. Os hangares da LATAM e American são inaugurados, mas os problemas com gargalos persistem.
Agosto de 2019
Quase 18 anos depois, Guarulhos está irreconhecível. Em vez de mato, um novo terminal, áreas de manutenção e pátio além de uma infraestrutura mais condizente com o que se espera de um aeroporto que atende mais de 40 milhões de passageiros por ano. O novo pátio, embora pela metade, já é visível e vislumbra-se o início das obras do píer auxiliar do Terminal 3 nos próximos anos, como prometeu a concessionária. Se cumprir outra promessa, teremos o “people mover” ligando os três terminais e a estação de trem. Ainda assim é pouco perto do que afirmava a GRU Airport, que pretendia construir um centro de convenções, shopping e hotéis na parte externa do aeroporto. Até hoje esses empreendimentos não apareceram no mapa – espera-se que isso mude daqui em diante.
Artes sobre imagens do Google Earth.
Veja galeria com a evolução (clique nas imagens):
parabens pelo artigo ,trabalhei quase 10anos em gru e senti de perto as dificuldades, por favor atraves da imprensa ajudem a termos realmente um Aeroporto Internacional