A Sierra Nevada Corporation (SNC) não é uma empresa nova – foi fundada em 1963 – e nem inexperiente em contratos de defesa, porém, a vitória no programa do novo “avião do juízo final” dos EUA será um enorme desafio para ela.
Parceira da Embraer na venda de turboélices A-29 Super Tucano, a Sierra Nevada fechou um contrato de US$ 13 bilhões para desenvolver o Survivable Airborne Operations Center (SAOC) da Força Aérea dos EUA (USAF), que substituirá os datados E-4B Nightwatch.
Hoje a Força Aérea opera os quatro Boeing 747-200 modificados na década de 70 para servirem como postos avançados móveis de comando e controle nuclear do governo dos Estados Unidos.
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A Boeing, que desenvolveu o E-4B, era considerada favorita na concorrência já que é também fabricante do 747-8, aeronave mais apropriada para receber sistemas e equipamentos.
Porém, a empresa discordou de alguns aspectos da concorrência, entre eles o preço fixo (ela já sofre para converter dois 747-8 idênticos em novos Air Force One) quanto pela cessão dos diretos de dados do projeto à USAF.
Diante do longo prazo de operação das aeronaves, a Força Aérea quer ter controle do projeto para promover atualizações no futuro.
Parceiros de peso
A Sierra Nevada, por sua vez, viu o contrato do SAOC como uma grande oportunidade para ganhar musculatura em projetos de defesa.
Após vencer a concorrência, a empresa anunciou seis parceiros de peso, a A&D Collins Aerospace, a FSI Defense, a GE Aeroespace, Greenpoint Technologies, a divisão Skunk Works da Lockheed Martin e a Rolls-Royce.
Em outra frente, a Sierra Nevada confirmou a aquisição de cinco Boeing 747-8 de passageiros junto à Korean Air. O primeiro desses aviões, matrícula HL7630, já foi armazenado sem as marcas da companhia aérea e deverá ser enviado aos EUA em breve.
O plano da empresa é entender todos os meandros da aeronave a fim de facilitar a implantação dos sistemas sem esbarrar em equipamentos do 747 que funcionam bem há décadas.
Além de utilizar um dos cinco aviões para explorar todos os aspectos da futura plataforma em um enorme hangar construído no Aeroporto Internacional de Dayton, a Sierra Nevada pretende criar uma versão digital do novo avião do juízo final.
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Para isso serão realizadas varreduras digitais para construir um modelo computadorizado, um processo semelhante ao que a própria Boeing faz com um MD-90 que será usado no conceito X-66A, da NASA.
O trabalho é necessário porque a SNC não é fabricante do equipamento original e portanto não tem ainda acesso a todas as informações sobre ele. É uma tarefa delicada por questões de propriedade intelectual também.
Programa de longo prazo
O programa Survivable Airborne Operations Center (Centro de Operações Aerotransportadas Sobrevivível) deve ser concluído apenas em 2036 e até lá a Sierra Nevada terá alguns anos para mitigar riscos, adicionar uma dezena de células de 747-8 e construir os primeiros aviões.
Entre os sistemas que serão incorporados estão a proteção contra radiação nuclear, um receptáculo para reabastecimento aéreo e tecnologias de comunicação capazes de operar mesmo um ambiente degradado.
“A SNC construiu uma reputação como um parceiro confiável no fornecimento de soluções transformadoras que ajudam a salvaguardar a liberdade”, disse o CEO e proprietário da SNC, Fatih Ozmen. “Com foco na arquitetura aberta, nossa proposta SAOC concentrou-se em fornecer os serviços pelos quais somos amplamente conhecidos: as melhores soluções inovadoras. Estamos prontos e entusiasmados com a oportunidade de projetar o centro de comando móvel do futuro.”