Receosos de viajar em companhias aéreas comerciais, indivíduos ricos estão impulsionando o mercado de jatos executivos usados nos EUA, segundo a corretora Jetcraft.
A empresa norte-americana, que assessora clientes nas compras e mantém sua própria estoque de aeronaves, diz que a proporção de compradores de aviões executivos de primeira viagem dobrou desde o início da pandemia em março.
“Houve um aumento notável no número de compradores de primeira viagem desde a Covid”, disse o presidente da Jetcraft, Chad Anderson, ao Flight Global. “As pessoas parecem estar demonstrando que não querem expor sua família ou funcionários a qualquer risco. E uma vez que experimentam a propriedade (do avião executivo), raramente voltam.”
Antes da pandemia, cerca de 5% a 10% das vendas realizadas pela Jetcraft eram para compradores que buscavam seu primeiro avião pessoal. Neste ano, esse número “dobrou”, afirmou Anderson.
O diretor da corretora acrescentou que compradores de primeira viagem são raros na aviação executiva. Normalmente, esses clientes preferem voos fretados ou aeronaves de propriedade compartilhada. Para Anderson, as preocupação com o novo coronavírus, combinada ao impacto na redução dos voos das companhias aéreas, convenceram muitos de que faz sentido investir em seus próprios aviões.
Os negócios da Jetcraft estão recuperando após uma “parada virtual” no segundo trimestre, quando foi iniciada a primeira onda de restrições na aviação comercial. “Agora estamos vendo o tráfego (da aviação executiva) aumentar novamente, principalmente nos EUA, e há uma relação direta entre isso e nossa contagem de transações”, disse Anderson.
O desejo de concluir as vendas antes das eleições nos EUA em novembro também é um fator que está impulsionando o setor. Há um temor sobre incertezas de mudanças fiscais e regulatórias que um novo presidente ou Congresso pode introduzir, diz o diretor da corretora.
A Jetcraft informa que vendeu 44 aeronaves nos três primeiros trimestres de 2020 e até o final de 2020 espera fechar mais 25 ou 30 negócios.
Embora a demanda e os preços de aeronaves das categorias médio e supermédio tenham se mantido estáveis durante a pandemia, “aeronaves maiores sofreram o maior prejuízo em valor”, salientou Anderson. Isso porque, embora os voos nos EUA continuem relativamente desimpedidos, as viagens intercontinentais, exigindo jatos executivos maiores e de longo alcance, têm mais restrições.
Finalizando, Anderson diz que mantém um visão de “copo meio cheio” sobre o mercado de aviação executiva. “Continuo vendo crescimento no setor, com 2022 melhor do que 2021, quando começaremos a ver o mix de produtos voltando para as aeronaves de maior alcance”.
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