Segmento quase sempre associado a aviões antigos e em fim de carreira, o setor de aviação de carga pode ganhar um represante de última geração. Segundo um artigo publicado pelo site Cargo Facts, a Airbus está estudando a possibilidade de lançar uma versão cargueira do moderno A350.
Fontes ouvidas pela publicação dizem que a Airbus pode formalizar o lançamento do A350F (Freighter) assim que garantir um pedido pela aeronave. O site ainda cita que nos últimos meses executivos da fabricante europeia abordaram empresas de carga para avaliar o interesse de um novo cargueiro de grande porte.
O lançamento formal do A350 de carga provavelmente exigiria uma encomenda de lançamento considerável de uma grande transportadora, disseram fontes familiarizadas com o programa. Ao menos uma empresa da Ásia já está interessada na aeronave, continua o artigo.
Atual maior fabricante de aviões comerciais do mundo, a Airbus ainda perde feio para a Boeing no setor de cargas. A fabricante americana oferece as opções 777F e 747-8F e também existe uma grande oferta por modelos de passageiros convertidos em cargueiros. O grupo europeu, por outro lado, oferece de fábrica apenas o A330-200F – outra opção recente é o programa de conversão para o A321, desenvolvido pela EFW (joint venture da Airbus com a ST Engineering).
Se for em frente com o A350F, a Airbus pode dar seu maior passo no setor de cargas desde a tentativa frustada, quase duas décadas atrás, de lançar um cargueiro baseado no gigante A380.
O Cargo Facts sugere o A350-1000 como a opção mais provável para ser transformado em cargueiro. As especificações técnicas estimadas posicionam a carga útil da aeronave em cerca de 95 toneladas e capacidade volumétrica de 800 m³, bem acima dos 650 m³ do Boeing 777F.
Para Frederic Horst, diretor administrativo da Cargo Facts Consulting, o A350 pode não ser um bom avião de carga. “Não está claro como um A350 cargueiro se encaixaria na frotal global de cargueiros”, disse o especialista. “Um A350-1000F competiria diretamente com um 777-300F de custos mais baixos, enquanto um A350-900F competiria com um 777-200F, mas devido à menor densidade da cabine, é uma aeronave com menor capacidade.”
O setor de aviões de carga vai passar por uma grande modernização nos próximos 20 anos. Um levantamento da publicação mostrou que 27,4% dos 621 cargueiros de grande porte são variantes do 747-400 e do trimotor MD-11, aeronaves que precisarão ser substituídas.
À medida que o futuro do Boeing 747-8 segue incerto, as companhias do setor terão apenas o 777F como opção de cargueiro de grande porte nos próximos anos. Será que a Airbus vai entrar nessa disputa?
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