Versão de carga do Airbus A321 é certificada para operar nos EUA

Aeronave modificada por joint venture da Airbus em Singapura pode transportar 27 toneladas de carga
(EFW)
Cargueiro puro: o A321P2F ganhou uma porta de carga na fuselagem para embarcar grandes volumes (EFW)

Uma das principais novidades da aviação comercial em 2020, o Airbus A321 convertido em cargueiro está liberado para operar nos EUA. A nova versão do jato foi aprovada no processo de certificação suplementar da FAA, a agência reguladora de aviação civil do país. Em fevereiro, o avião foi homologado pela EASA para voar na Europa.

A aeronave modificada foi desenvolvida pela EFW (Elbe Flugzeugwerke), uma joint venture formada pelo grupo Airbus e a ST engineering, empresa de Singapura especializada em conversões de aviões de passageiros em cargueiros e manutenção aeronáutica. A sede da empresa fica em Dresden, na Alemanha, mas as atividades de montagem são concentradas na cidade estado na Ásia.

Chamado A321P2F (Passenger to Freighter), o modelo convertido fez seu voo inaugural em 22 de janeiro, em Singapura.

A divisão de cargas da companhia australiana Qantas Airways será o primeiro operador do A321P2F. A empresa vai alugar três aeronaves convertidas encomendas pelos grupos de leasing Vallair e Keystone Holdings. As entregas dos jatos de carga começam em outubro.

As aeronaves são modificadas pela EFW a partir de jatos retirados do transporte de passageiros. O primeiro modelo, por exemplo, é A321 com 22 anos de serviço. O trabalho de conversão do segundo jato (outro A321 fabricado em 1998) começa em março, informou a empresa.

A320, finalmente cargueiro

O lançamento de cargueiros baseados nos jatos comerciais A320 e A321 é aguardado há mais de 10 anos. Em 2008, a Airbus assinou um contrato firme com a empresa de leasing AerCap para converter 30 jatos A320/A321 na primeira edição do programa A320P2F. No entanto, em 2011, a fabricante suspendeu o projeto, citando a alta demanda pelas aeronaves no serviço comercial.

A Qantas vai receber três A321 cargueiros até 2021 (Divulgação)

Em junho de 2015, o projeto A320P2F foi retomado pela EFW e no ano passado a Qantas foi anunciada como primeiro cliente do A320 cargueiro.

Avião comercial mais vendido do mundo, a família A320 da Airbus acumula mais de 9.000 unidades construídas em 33 anos de operações e ainda soma encomendas por mais de 6.000 aeronaves. Nessa imensidão de pedidos e jatos em serviço, até agora nenhum deles é destinado aos voos de carga.

A Airbus tem um atuação discreta e baixa adesão no segmento de aeronaves cargueiras comparada a Boeing. O site da fabricante europeia anuncia os modelos A330-200F e o programa de conversão A330P2F, além do exótico BelugaXL. Por ser um produto da joint venture EFW, o A320P2F não é mencionado no portfólio do grupo europeu, ao menos por enquanto.

Líder no segmento de carga, a Boeing oferece aeronaves novas (modelos 747F, 767F e 777F) e um programa de modificação para modelos 737.

Com uso de aeronaves cargueiras, a Azul Cargo Express espera um crescimento de 40% ainda neste ano (Azul)
A Azul Cargo Express opera dois Boeing 737-400F; jatos podem transportar cerca de 20 toneladas (Azul)

A conversão de aeronaves comerciais da Boeing também é realizada por outras empresas. A mais destacada nesse ramo é a israelense IAI Aerospace, com experiências bem sucedidas em praticamente todos os jatos comerciais da empresa americana.

27 toneladas de carga

A série A320P2F chega ao mercado apresentando boas credenciais para competir na categoria de cargueiros médios, hoje dominada pelo Boeing 737.

Segundo dados da EFW, o A321 pode transportar até 27 toneladas de carga distribuídas por um compartimento com 208 m² – o porão de cargas do A320P2F tem 160,6 m² e comporta até 21 ton. A autonomia do jato é de até 3.520 km (o A320P2F tem alcance de 3.890 km), informa a companhia.

As versões de carga do 737 podem transportar cerca de 23 toneladas, mas o espaço na cabine é menor. O compartimento do 737-400F, cargueiro mais comum nos aeroportos, tem cerca de 140 m², abaixo da capacidade oferecida no A320 cargueiro. A EFW ainda sugere o A321F como uma opção para substituir antigos cargueiros baseados do Boeing 757, outro avião importante no setor de cargas.

O A321P2F é uma opção para substituir antigos cargueiros Boeing 757F (Timo Jager)

A empresa alemã diz que o A320 oferece uma base de “matéria-prima para conversão sem precedentes” com a alta disponibilidade de aeronaves no futuro (jatos A320 que serão desativados do serviço de passageiros nos próximos anos) e prevê uma demanda por 1.000 jatos de carga nos próximos 20 anos.

Veja mais: Aeroflot quer operar 200 aviões russos até 2026

 

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