Começa a ganhar força no Reino Unido o plano de salvar o porta-aviões HMS Hermes, antiga embarcação britânica que foi fundamental na reconquista das Ilhas Falkland (Ilhas Malvinas), invadida pela Argentina em 1982 no conflito que ficou conhecido como “Guerra das Malvinas”.
O antigo navio de guerra da poderosa Royal Navy (Marinha do Reino Unido) não recebeu nenhum lance no leilão realizado na Índia para vendê-lo como sucata no mês passado. Segundo relatos da mídia britânica, o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pode ter interferido no pregão e impediu a venda do barco.
O deputado conservador David Campbell Bannerman disse ao jornal Sunday Express que acredita na possibilidade de Johnson ter entrado em contato com o governo indiano, dono do porta-aviões. “Acreditamos que Boris interveio, mas não conseguimos confirmar.”
O HMS Hermes foi vendido para a marinha da Índia em 1987 e rebatizado como INS Viraat, nome que carregou até sua desativação em 2017.
“É uma boa notícia que, por qualquer motivo, o HMS Hermes ainda pode ser salvo. Podemos arrecadar mais dinheiro de patrocinadores privados do que o governo indiano receberia para transformá-lo em sucata. É muito importante mantermos um pouco de nossa herança e história naval para as geração futuras verem”, disse Bannerman.
Ativistas querem que o navio-aeródromo seja atracado em Liverpool, enquanto outra parte sugere levá-lo para Londres, perto do HMS Belfast, cruzador da marinha britânica que serviu durante a Segunda Guerra Mundial e que hoje é um museu flutuante à margem do Rio Tamisa.
Segundo a imprensa britânica, são necessários cerca de 10 milhões de libras (cerca de R$ 54 milhões) para comprar o navio de volta da Índia e trazê-lo de volta ao Reino Unido.
O HMS Hermes começou a ser construído no Reino Unido ainda durante a Segunda Guerra Mundial, em 1944, mas o navio foi lançado ao mar somente em 1953, ainda incompleto. O barco ainda demorou mais seis anos para ser colocado em operação com a marinha britânica, que o manteve em operação até 1984.
Enquanto isso no Brasil…
É interessante observar o interesse e declarações de governantes britânicos a favor de resgatar antigas relíquias de guerra, como é o caso do Hermes. É uma situação completamente oposta a do Brasil, que faz pouquíssima questão de preservar sua história e caminha para se desfazer de seu segundo porta-aviões, o NAe São Paulo – desativado em 2017.
O casco do último navio-aeródromo do Brasil, colocado à venda pela Marinha em setembro de 2019, pode ter o mesmo destino de seu antecessor, o NAe Minas Gerais, que serviu no país entre 1956 e 2001 e posteriormente foi enviado para a Índia e transformado em sucata.
Há um esforço para resgatar o São Paulo e transformá-lo em museu. O projeto de autoria do Instituto São Paulo|Foch, formado por entusiastas e ex-militares brasileiros e franceses, porém, dificilmente deve sair do papel…
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O USS Intrepid, que visitei em 2016 em Nova Iorque, funciona muitíssimo bem como museu flutuante, ancorado no Rio Hudson – tenho certeza que o São Paulo faria tanto sucesso quanto…
Se um navio aeródromo merecesse ser preservado seria o Minas Gerais. A história do São Paulo é vergonhosa, passou o tempo todo gastando dinheiro no cais, com exceção de poucos dias de navegação enquanto servia a marinha. (Serviu de 2001 a 2017 e ficou 206 dias no mar)
Visitei o Museo Del Aire em Lima Capital do Peru durante os Jogos Pan Americanos 2019 e gostei, são locais importantes para apreciação do que existe exposto. Apoio a iniciativa da Marinha Brasileira em transformar o nosso Nae São Paulo em um Museo para visitação brasileiros e estrangeiros. Bom 2020 a todos!