Fronteira tecnológica, a aviação sempre foi um berço de ideias que acabaram replicadas em outros setores. A automação do trabalho dos pilotos, por exemplo, é cada vez maior a ponto de certos procedimentos serem totalmente gerenciados por sistemas em vez de seres humanos. Mas um projeto da DARPA, a agência de projetos avançados de defesa dos Estados Unidos, promete causar polêmica. Ele prevê que as aeronaves num futuro próximo passem a contar com um co-piloto robô.
É isso mesmo. Não se trata de um sistema automatizado, mas de um equipamento capaz de ajudar o piloto nas funções mais variadas a bordo e o mais importante – independentemente do modelo de avião ou helicóptero. É justamente esse o diferencial do projeto, batizado de ALIAS: Aircrew Labor In-cockpit Automation System, ou Sistema de automação do trabalho da tripulação no cockpit, numa tradução livre.
Como seu objetivo primário é equipar as aeronaves das forças militares americanas, um co-piloto robô pode ajudar a liberar tempo para que a tripulação se concentre nas tarefas mais importantes das missões como reconhecimento, vigilância ou análise de campo. Além de mais produtiva, a tripulação também terá a carga de stress reduzida ao não ter que monitorar e agir de acordo com centenas de informações disponíveis.
A empresa Aurora Flight Sciences é uma das contratadas do projeto Alias e testa no momento o robô em dois tipos de avião, num pequeno bimotor a pistão, o Diamond DA42, e num monomotor turbo-hélice Cessna Caravan – a terceira aeronave será um helicóptero Bell UH-1 que está sendo preparado. Um vídeo do robô em ação foi publicado no Youtube nesta semana e mostra o sistema atuando em várias situações de voo.
Ele consiste de dois braços mecânicos, um conectado ao eixo do manche, e outro que trabalha acionando botões e alavancas no centro do cockpit. O piloto humano apenas observa o trabalho e pode desligá-lo ou mudar alguma configuração por meio de um tablet suspenso à sua esquerda (veja abaixo).
Vôo por tablet
A outra competidora no projeto é a Sikorsky, conhecida pelos helicópteros de grande porte. A empresa adaptou um modelo S-76 para que realizasse um voo completamente autônomo operado apenas por um tablet. O helicóptero voou por 48 km sem a intervenção física de um dos pilotos, apenas comandado pelo outro membro da equipe que estava a bordo por segurança.
A próxima fase do projeto Alias pretende aprimorar as câmeras que monitoram os instrumentos e introduzir o comando por voz para que o piloto possa ordenar o robô a executar algumas tarefas. O sistema também tem uma capacidade muito maior de observar vários mostradores do painel e identificar rapidamente algum indício de falha se comparado ao ser humano.
Se o Alias, de fato, tornar-se operacional, o que parece bastante provável, será questão de tempo até que ele chegue à aviação civil causando polêmica ao ter potencial para eliminar milhares de empregos de tripulantes. Na prática, é algo que já vem acontecendo com o avanço da tecnologia – os primeiros aviões comerciais de longo alcance eram tripulados por navegadores, engenheiros de voo e operadores de rádio, para citar alguns exemplos. Hoje alguns jatos executivos têm apenas um piloto homologado para voá-los.
A agência deixa claro que o co-piloto robô tem a missão de ajudar os pilotos humanos e que nunca os substituirá: “Nós podemos aumentar a segurança hoje sem que retirar ninguém do cockpit”, garantiu John Langford, CEO da Aurora, à revista americana Aviation Week. Ele só não explicou o que estaria fazendo o co-piloto humano enquanto o robô assume seu lugar.
Veja também: Empresa chinesa apresenta aeronave autônoma
Interessante
Tenho uma dúvida… Por que tem ser um robô com braços e todo um complexo sistema de acionamento? As funções que ele exerce não poderiam ser executadas pela própria eletrônica embarcada? Valeu
Que bosta