Após experimentar um longo período de retração, o Aeroporto de Viracopos, em Campinas, tem visto seu movimento crescer nos últimos meses, sobretudo com destino ao exterior. Se em 2017 passaram pelo terminal aeroportuário 545 mil pessoas, em 2018 esse número saltou para 674 mil passageiros, alta de quase 24%. Este ano, a tendência permanece positiva: entre janeiro e abril de 2019 foram transportados 268 mil passageiros contra 208 mil no mesmo período do ano passado, um crescimento de 28,7%.
A ironia é que hoje apenas uma companhia aérea internacional opera no local, a francesa Aigle Azur, ex-parceria da Azul, que domina o tráfego para o exterior, como era de se esperar por tratar-se do seu maior hub. A companhia aérea brasileira, aliás, lançou mais dois destinos a partir de Viracopos neste ano, um voo para Buenos Aires em janeiro, e na semana passada, a rota para Porto, seu segundo destino em Portugal.
A Azul oferece hoje voos para os EUA (Orlando e Miami) e Portugal (Lisboa e Porto), além da frequência diária para a capital da Argentina. No próximo dia 15 a empresa aérea passará a voar para Bariloche, destino muito procurado no inverno, porém, a Azul diz que manterá o voo mesmo fora da alta temporada.
Para dar conta da demanda maior na ala internacional, a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos inaugurou uma ala de re-check-in que facilitará a vida de passageiros em conexão que chegarão mais rápido aos portões de embarque. Além disso, o Píer B, na parte central do terminal, ganhou mais um novo portão de embarque e desembarque internacional – o píer ainda não teve as obras concluídas pela concessionária que disse no passado esperar pelo aumento do movimento para finalizar mais pontes de embarque.
Altos e baixos
Viracopos tem um longo histórico de voos internacionais, mas que tiveram vários períodos de oscilação. Inaugurado em 1960, o aeroporto tornou-se uma opção para receber jatos de grande porte para a época e que não podiam operar em Congonhas, então um terminal internacional. Embora tenha se destacado pela vocação cargueira, o aeroporto de Campinas recebeu os voos de companhias internacionais como a Japan Air Lines (JAL) quando ela passou a voar com o DC-8 para o Brasil.
Mesmo enquanto funcionou com o modesto terminal dos tempos de Infraero, Viracopos atraiu voos internacionais como o da TAP e que mais tarde acabou deixando o aeroporto quando sua parceira Azul passou a operar na rota. Mas foi no início da concessão para a Aeroportos Brasil que o terminal aéreo parecia que se transformaria também em um hub internacional.
Ainda com a economia do país em alta, empresas como American Airlines e Copa, além da própria Azul, passaram a voar para o exterior. No entanto, a crise econômica logo fez a demanda cair e apenas a companhia aérea brasileira permaneceu voando para fora até que a francesa Aigle Azur estreou seu voo para Paris (Orly) no ano passado.
Recuperação judicial
Viracopos é administrado pela concessionária Aeroportos Brasil Viracopos (ABV) desde 2012 que anunciou na época um plano de investimentos ambicioso que prometia transformar o aeroporto no maior da América Latina, com movimento anual na casa dos 80 milhões de passageiros. Na prática, no entanto, a empresa atrasou a entrega do novo terminal de passageiros, um imenso prédio com três píers que deveria estar funcionando na Copa do Mundo de 2014.
Porém, a abertura da nova estrutura só ocorreu gradativamente e com várias partes sem acabamento. Após a operação Lava Jato que atingiu a UTC, sócia da concessionária, e com o aprofundamento da crise econômica que derrubou as previsões otimistas de crescimento do tráfego aéreo, a ABV acumulou prejuízos seguidos e deixou de pagar a outorga de cerca de R$ 400 milhões anuais. Em maio do ano passado, com quase R$ 3 blihões de dívidas, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial.
Agora, a ABV aguarda por ofertas de outras empresas que possam assumir o terminal, mas até junho apenas o consórcio formado pela suíça Zurich e a gestora IG4 havia feito uma proposta formal. As duas empresas, no entanto, querem um desconto de 40% na outorga e a redução dos investimentos previstos no edital de concessão, algo que a ABV é contra – na visão dela, se o governo federal ceder à esses pedidos poderia ter feito o mesmo com ela anteriormente. Uma assembléia com os credores da ABV está prevista para ocorrer em 27 de junho.
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