Virgin Atlantic coloca Fortaleza entre seus futuros destinos

Companhia aérea britânica revelou intenção de ampliar de 19 para 103 as cidades atendidas a partir de Heathrow, incluindo a capital cearense
A350-1000 da Virgin recém entregue: companhia vai precisar reforçar sua frota se quiser cumprir plano de expansão (Virgin)
A350-1000 da Virgin recém entregue: companhia vai precisar reforçar sua frota se quiser cumprir plano de expansão (Virgin)

O estilo exagerado de Richard Branson, o chefão das empresas Virgin, é conhecido há bastante tempo, mas não é sempre que vemos uma companhia aérea revelar planos de expansão tão agressivos como os da Virgin Atlantic, seu braço aéreo. A empresa revelou nesta semana que pretende saltar de 19 destinos atuais para nada menos que 103 cidades atendidas. E entre elas estão Fortaleza, Buenos Aires, Santiago do Chile, Bogotá e Lima na América do Sul.

Atualmente, a companhia acaba de iniciar as vendas do seu novo voo entre Londres e São Paulo e que estreará no final de março de 2020. Operado com um Boeing 787-9, o voo diário é a ponta de lança com o continente sul-americano onde distribuirá seus passageiros para outros destinos por meio de um codeshare com a Gol.

Por essa razão, aliás, a escolha da capital cearense era algo praticamente esperado. Como hoje a Virgin Atlantic tem entre suas acionistas a Delta e a Air France-KLM, também sócias da Gol, voar entre Londres e Fortaleza complementaria o hub existente hoje com voos para Amsterdam e Paris.

Apenas 12 das 84 rotas pretendidas são consideradas nacionais enquanto os voos de longo alcance somam 35 destinos. A Europa é a região que mais deverá ser expandida, com 37 cidades, entre elas Paris, Madri, Lisboa, Frankfurt e Roma, para citar algumas.

O objetivo da Virgin Atlantic é bem claro: quebrar o “monopólio” da British Airways, principal companhia aérea britânica. Não é à toa que 26 desses destinos são hoje exclusividade da rival.

Apesar de soar como novidade, parte desses destinos já foi atendida pela Virgin, como Sydney e Tóquio ou mesmo cidades dentro do Reino Unido, cujas operações foram interrompidas em 2015. Hoje os voos da companhia aérea partem dos aeroportos de Manchester, Glasgow, Gatwick e Heathrow, os dois últimos em Londres. E é justamente o maior aeroporto europeu que promete ser o ponto central da disputa com a British Airways.

Em azul os destinos prometidos pela Virgin, incluindo Fortaleza

Expandir ou não o Heathrow

Com apenas duas pistas e movimento anual de mais de 80 milhões de passageiros, Heathrow está no limite e para resolver esse problema, o governo britânico busca apoio da comunidade para expandir seus terminais e construir uma terceira pista. No entanto, o assunto é polêmico com muita gente contra ampliar o já pesado tráfego aéreo sobre a capital do Reino Unido com suas implicações sobre poluição sonora e do ar.

A British Airways, que hoje domina praticamente metade dos slots do aeroporto, tem se posicionado contra a expansão, enquanto a Virgin Atlantic vê na terceira pista a chave para ter acesso ao Heathrow, onde possui apenas 4% dos voos. Os argumentos dos executivos da empresa de Richard Branson são semelhantes aos da Azul na ponte aérea Rio-São Paulo: aumento da competição e benefício para os passageiros. E cita a recente greve dos pilotos da BA como exemplo da trágica concentração de mercado no aeroporto londrino que deixou milhares de passageiros no chão nas últimas semanas.

O loft do A350 da Virgin: diferencial para conquistar clientes (Divulgação)

“A necessidade de concorrência e escolha efetivas no aeroporto de Heathrow nunca foi tão evidente quanto durante este verão de perturbações, o que trouxe desgaste para dezenas de milhares de viajantes. A Grã-Bretanha e aqueles que viajam para ela merecem mais do que isso. Os passageiros precisam de uma escolha e a Virgin Atlantic está pronta para atendê-los quando Heathrow se expandir”, explicou Shai Weiss, CEO da Virgin Atlantic.

“Heathrow é dominado por um grupo de companhias aéreas há muito tempo. A terceira pista é uma oportunidade única na vida de alterar o status quo e criar uma segunda transportadora de bandeira. Isso reduziria as tarifas e proporcionaria uma escolha real aos passageiros, além de oferecer à Grã-Bretanha uma oportunidade real de aumentar seus vínculos comerciais e de investimento em todo o mundo. Alterar a maneira como as pistas são alocadas para esse aumento único e vital da capacidade no principal hub do país criará as condições certas para a competição e a inovação prosperarem”, concluiu o executivo.

Como deverá ficar o aeroporto de Heathrow em 2050: salto de 80 milhões para 142 milhões de passageiros por ano (Heathrow)

Em sua costumeira agressividade, a Virgin Atlantic chamou seu plano de “o fim do estrangulamento do IAG sobre o único hub do Reino Unido”. O grupo IAG é o controlador da British Airways e também da Iberia, entre outras empresas menores. Na prática, a empresa conhecida pela marca da “flying lady” (‘moça voadora’) quer ser a segunda companhia aérea de bandeira do país, o que não se vê na Europa há muito tempo, que se habituou a conservar apenas um representante em cada país e focar na competição fora do continente.

Para empreender tal expansão, no entanto, a Virgin precisará reforçar sua frota, hoje modesta perante à British Airways. São 47 jatos de corredor duplo contra quase 280 aviões da rival. Conhecendo a predileção de Branson pelo marketing, vem coisa pesada por aí.

Terminal 5 de Heathrow, exclusivo da British Airways: companhia detém quase metade dos slots do maior aeroporto da Europa (Mace Group)

Veja também: Virgin Atlantic recebe seu primeiro A350-1000

Total
0
Shares
Previous Post

Marinha do Brasil recebe quinto caça AF-1 modernizado

Next Post

Novo avião brasileiro: Octans avança em projeto do monomotor Cygnus

Related Posts
Total
0
Share