Lançados de surpresa no mês passado nos Estados Unidos, durante a feira de aviação executiva NBAA, em Orlando, os novos jatos Embraer da série Praetor chegaram nesta segunda-feira (5) ao Aeroporto de Congonhas, onde ficarão em exposição para potenciais clientes durante esta semana. Antes disso, porém, o Airway pegou uma carona no Praetor 600 em um voo de 30 minutos de São José dos Campos, a partir da sede da fabricante, até a capital paulistana.
“Desenvolvemos os novos Praetor 500 e Praetor 600 em segredo nos últimos dois anos. Apenas 10 pessoas sabiam o nome dos aviões na fábrica”, revelou Gustavo Teixeira, diretor de vendas da Embraer Aviação Executiva, em alto e bom som sem elevar o tom da voz a bordo do Praetor 600 com os motores em potência máxima. “O silêncio a bordo é uma das grandes vantagens desse avião.”
E não é exagero do diretor. Nossa viagem começou com o que os pilotos chamam de “decolagem de alta performance”. A manobra consiste em decolar o avião com os motores em potência máxima e executar uma subida brusca de tirar o fôlego e até causar certa vertigem. Mesmo deixando o solo usando pouca pista e subindo como um foguete, o ruído na cabine era surpreendentemente baixo.
“Falamos brincando que os pilotos precisam tomar cuidado com o que falam na cabine de comando, por que podemos ouvir tudo nesse avião”, brincou Teixeira. Segundo o executivo, o jato é preparado ao máximo para ser o mais silencioso possível na cabine. “Tudo que faz barulho foi colocado em posições estratégicas no avião para não incomodar os passageiros.”
O Praetor 600 é uma evolução do Legacy 500 (enquanto o Praetor 500 é uma evolução do Legacy 450), avião que já é considerado um dos mais avançados de toda indústria aeronáutica. A grande diferença no novo produto da Embraer é o alcance ampliado para realizar voos intercontinentais sem a necessidade de paradas de reabastecimento.
De acordo com dados do fabricante, o modelo em que voamos tem alcance de 7.223 km com 12 passageiros a bordo, o suficiente para ir de São Paulo até a Cidade do Cabo, na África do Sul, ou então de Manaus até Nova York, em um único pulo – o Praetor 500 tem autonomia de 6.019 km com nove passageiros.
Para alcançar esse desempenho o avião precisou mudar um pouco seu formato. As novidades mais evidentes no Praetor 600 em relação ao Legacy são os winglets ampliados, para ajudar na redução do consumo de combustível, e a parte inferior da fuselagem é mais “barriguda”, onde foi instalado um tanque extra de querosene. Ao todo, o avião pode ser abastecido com 16.000 libras de combustível (7.257 kg), quase 3.000 libras a mais que o Legacy 500, que pode percorrer até 5.788 km.
Como o avião é ligeiramente mais pesado (pode decolar com peso máximo de 19,440 kg), a Embraer precisou aumentar a potência dos motores do Praetor 600, que geram 500 libras de empuxo a mais em relação aos usados no Legacy 500, alcançando um total de 7,528 lbf. Com força total, o novo jato pode alcançar a velocidade máxima de mach 0,83 (1.024 km/h), igual os demais modelos da série Legacy e o Praetor 500.
Outro destaque inédito nos jatos da família Praetor é o interior “Bossa Nova Edition”, cabine de nova geração da Embraer e uma das mais bonitas e luxuosas já desenvolvida pela divisão executiva da empresa. “O interior tem acabamento de material composto e os assentos com um padrão de costura diferenciado inspirado no calçadão de Ipanema, daí o motivo para o nome”, contou o diretor de vendas da Embraer.
Alta tecnologia
Assim como os Legacy, os Praetor são raros casos de jatos executivos equipados com controles full fly-by-wire, ou seja, totalmente computadorizados. Outros aviões de negócios que possuem essa tecnologia são o Gulfstream G650 e o Dassault Falcon 8X, ambos de categorias superior, enquanto os modelos da Embraer disputam os segmentos “midsize” e “super midsize”. Fora essas aeronaves, os comandos 100% computadorizados são encontrados somente nos jatos comerciais Airbus A350 e Boeing 787, além de caças de última geração.
“Um avião com fly-by-wire é muito mais confortável para os passageiros e seguro de voar. Uma das vantagens associada a essa tecnologia é o sistema de redução ativa de turbulência que ajuda o avião a se estabilizar mais fácil e rapidamente comparado a uma aeronave sem esse recurso. Outra vantagem, em caso de perda de um motor, é que a aeronave facilita o comando para os pilotos, que não precisam ficar ‘brigando’ com os controles em situações como essa”, explica Teixera.
Outro recurso oferecido no Praetor é o sistema de visão sintética, um item opcional oferecido por cerca de US$ 500 mil, mas que faz toda a diferença. O equipamento é uma combinação de um câmera de vídeo com dois sensores infra-vermelho, um de curto alcance e outro de longo alcance. Com as imagens combinadas, os pilotos tem praticamente 100% de visibilidade durante a aproximação de pouso mesmo com tempo fechado.
“Os Praetor 500 e Praetor 600 são aviões que oferecem maior versatilidade aos clientes. É um avião que pode, por exemplo, decolar de aeroportos pequenos com pistas curtas, como os de Angra dos Reis ou Jacarepaguá, e seguir para longos voos internacionais”, revelou o diretor de vendas da Embraer Aviação Executiva. “Já temos algumas encomendas de clientes no exterior e os aviões também já despertaram a atenção no Brasil.”
O marketing por trás do nome
O nome Praetor é uma referência em latim ao título “Pretor” que era concedido pelos imperadores de Roma Antiga aos generais que governavam as tribos da nação na Antiguidade. Era entendido como um sinônimo de liderança e comanda, mas sempre leiais a Ceasar. A ideia da Embraer é transmitir que “o avião será sempre leal ao cliente, liderando novos caminhos”.
Os Praetor 500 e Praetor 600 ainda estão na fase de certificação junto a ANAC. A previsão da Embraer é que as homologações sejam liberadas para os dois jatos até o terceiro trimestre de 2019. O primeiro modelo é avaliado em US$ 16.995 milhões, enquanto o segundo custa em torno de US$ 20.995. Qual você vai escolher?
A Embraer sempre surpreende. O desenvolvimento de tecnologias novas e próprias é uma marca da empresa. Uma curiosidade, quem é o responsável pelo nome Praetor? Caiu muito bem.
Luís, concordo que o avião é muito bonito e com um ótimo desenvolvimento. O responsável pelo nome “Praetor” é Noel Villas Bôas que teve como base a palavra “Praetor” do latim.