Cidade com a maior frota de helicópteros no planeta, São Paulo agora também é a casa do primeiro Airbus ACH145 do mundo. Recém-chegado ao Brasil, o novo helicóptero da divisão de luxo do grupo europeu, a Airbus Corporate Helicopters, é um dos poucos modelos em seu segmento projetado para oferecer pleno conforto aos passageiros sem comprometer ou limitar o desempenho em voo, como o Airway pode conferir durante um passeio pelos céus da capital paulista.
“A questão do peso é muito sensível nos helicópteros. Dependendo da aeronave você leva mais passageiros e limita o desempenho, ou então leva mais combustível e reduz o número de ocupantes a bordo. É uma linha muito tênue, mas o ACH145 não tem esse problema”, contou Pedro Souza, gerente de vendas da Helibras, subsidiária da Airbus no Brasil, responsável por intermediar a venda do primeiro ACH145.
O ACH145 é baseado na versão mais recente do H145, helicóptero biturbina de médio porte que também chegou faz pouco tempo ao Brasil para operar como táxi-aéreo. A aeronave como um todo é uma evolução do EC145, desenvolvido no final dos anos 1990 pela Eurocopter, fabricante que posteriormente acabou absorvida pelo grupo Airbus. Atualmente é considerado um dos helicópteros mais avançados da indústria aeronáutica e muito bem sucedido no mercado, com mais de 1.400 unidades entregues em 51 países, incluindo 19 exemplares no Brasil.
A nova versão ACH agora quer conquistar o mercado de alto luxo oferecendo requinte e uma performance digna de helicóptero militar, função que o H145 também cumpre em diversos países, alguns até capazes de lançar mísseis anti-tanque. Cada turbina do ACH145 gera 1.072 hp, potência suficiente para fazer a aeronave decolar com peso máximo de 3.800 kg a partir de helipontos em prédios (que comportem seu peso) ou até de um iate.
“A ACH é uma grife no mercado de luxo e oferece soluções personalizadas aos clientes, um tipo de serviço que ainda não é tão comum no mercado de helicópteros”, explicou Carlos Malagrino, executivo de marketing da Helibras. “Temos umas série de opções de personalização de interior, mas o comprador também pode propor algo novo e nós fazemos, desde que respeite os limites de segurança”, contou o executivo. O primeiro modelo da nova série foi adquirido pela empresa brasileira Bodepan Empreendimentos Agropecuários e Imobiliários, do empresário Odílio Bergamini, cliente da Airbus há 26 anos.
O ACH145 que chegou ao Brasil é um modelo da versão “Line”, a versão “básica” de luxo. Outra opção ainda mais requintada oferecida pela Airbus é o ACH145 Mercedes-Benz Style, com acabamento interior que lembra o dos carros mais luxuosos da fabricante automotiva Mercedes-Benz.
Cabe até a sogra
Capaz de transportar 10 ocupantes (incluindo o piloto), o ACH145 tem um interior que lembra o de um avião executivo, com acabamento de alto padrão e um bom espaço para os passageiros. “Nesse helicóptero os passageiros não ficam batendo as canelas. Também é possível retirar ou instalar rapidamente os bancos sem precisar de ferramentas, o que aumenta bastante sua versatilidade”, disse o diretor de vendas da Helibras, acrescentando que alguns clientes desse segmento tem exigências incomuns. “Tem gente que leva o cachorro ou até uma motocicleta no helicóptero.”
“Temos até um case interessante. Um cliente certa vez pediu para seu piloto preparar o helicóptero para uma viagem até o litoral, acompanhado de sua esposa e dois filhos, além das bagagens, partindo de um heliponto em São Paulo. Na hora do embarque, porém, a sogra apareceu de surpresa. Acontece que o helicóptero não poderia decolar do heliponto com esse peso extra. Resultado: a sogra teve que ir de táxi até o Campo de Marte e o helicóptero precisou voar até lá para ela embarcar com segurança e só então seguir viagem. Se fosse no ACH145 todos poderiam ter voado direto para o litoral”, revelou Souza.
O ACH145 pesa 2.300 kg vazio. O resto da “carga” é composta por 700 kg de combustível e mais 800 kg em passageiros, considerando que cada um pese até 80 kg. O helicóptero de luxo ainda conta com um bagageiro com 600 litros de capacidade volumétrica acessado pelas portas na traseira, outro item que poucos helicópteros dispõem, principalmente no mercado civil.
“Esse helicóptero é construído com alumínio aeronáutico e fibra de carbono, por isso ele é muito leve. Para você ter uma ideia, um adulto sozinho consegue erguer facilmente a estrutura básica dele com as mãos”, afirmou o gerente de vendas da Helibras.
Quanto menos peso, mais longe o helicóptero pode voar. O ACH145 tem autonomia de 740 km ou 865 km levando um tanque de combustível auxiliar. “É o suficiente para viajar de São Paulo até Paraty com 10 ocupantes a bordo e retornar com sobras de combustível para permanecer voando por mais uma hora”, contou Souza.
Voando no ACH145
Quem já voou de helicóptero sabe que o barulho na cabine pode ser bem alto, quando não até insuportável. No ACH145 essa sensação é bastante suavizada graças ao isolamento acústico mais refinado e também com ajuda de fones de ouvido especiais que emitem uma onda sonora contrária que corta pela metade o nível de ruído externo.
Outro detalhe dessa aeronave que colabora para reduzir o nível ruído é o rotor de cauda carenado (Fenestron), com pás em posições assimétricas – o rotor de cauda é a parte mais barulhenta de um helicóptero, devido a alta velocidade que as pás giram. Essa tecnologia também torna as operações em solo mais seguras, pois não deixa o rotor exposto, como acontecia na versão mais antiga EC145.
Nosso passeio no ACH145 aconteceu a partir do Aeroporto Campo Marte. No momento em que o aparelho deixa o solo e inicia o taxiamento já é possível notar que trata-se de uma aeronave de ponta. Voando a poucos metros do chão tinha-se a sensação de estar a bordo de um carro de luxo com uma suspensão impecável, tamanho o nível de estabilidade e a trepidação quase nula na cabine.
“O ACH145 é um helicóptero que voa muito fácil. Grande parte disso acontece por conta do sistema de aviônicos Helionix, o primeiro concebido exclusivamente para helicópteros. Até então eram usados sistemas derivados de programas usados em aviões”, conta Souza.
Um dos benefícios oferecidos pelo Helionix, sistema criado pela própria Airbus Helicopters, é o piloto automático de quatro eixos. Ou seja, o helicóptero com esse recurso pode realizar manobras automáticas em qualquer direção, até de “marcha ré”. Outras facilidades oferecidas pelo programa são decolagens e aproximação para pouso automáticos, além de manobras que exigem maior precisão. “Esse sistema reduz a carga de trabalho no piloto, mas ao mesmo tempo permite intervenções manuais a qualquer momento”, explica o gerente da Helibras.
Segundo dados do fabricante, o ACH145 pode voar a velocidade máxima de 248 km/h (e cruzeiro de 240 km/h) e alcançar até 20.000 pés (6.096 metros) de altitude, embora helicópteros voem a uma faixa bem inferior a essa, principalmente em cidades com grandes fluxos de aviões comerciais, como é o caso de São Paulo.
Após circular por praticamente toda a capital, o helicóptero retornou para o Campo de Marte, onde o piloto aproveitou para demonstrar ainda mais a precisão de controle da aeronave e encerrar o voo com um pouso suave.
Mas toda essa tecnologia, versatilidade e conforto tem um preço, bem alto por sinal: o ACH145 em serviço no Brasil é avaliado em cerca de US$ 11 milhões, o suficiente para comprar quase três jatinhos Embraer Phenom 100. A diferença é que o helicóptero da Airbus pode pousar praticamente em qualquer lugar e com mais passageiros, incluindo a sogra.
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Novo brinquedo pros politicos corruptos voarem e desfrutare as nossas expensas, porque nenhum empresário ou milionário vai gastar dinheiro com essa porcaria tecnológica cujo objetivo é só ostentação.
Ninguém quer levar a sogra…kkkkk
Muito bom! Sugestão : poderia ter mais assuntos aeromedicos. Abraços
Boa alternativa de locomoção para os empresários brasileiros de bem. Poderão assim evitar o desconforto de pegar uma estrada esburacada para visitar uma obra em algum lugar remoto ou até mesmo visitar suas fazendas
Quem entende de aviação com certeza irá gostar muita da reportagem, tratasse de uma nova era na aviação de helicóptero, grandes avanços trazem mais conforto a todos. Logo logo poderemos ter essas tecnologias em aeronaves bem mais modestas.