Dependendo da profissão, o uso de termos técnicos, abreviações e mesmo certos apelidos é algo normal para facilitar a comunicação entre o pessoal que trabalha em determinados setores. Mas a aviação é um ambiente onde essa prática é muito mais usada. E, por mais que sejam instruídos, pilotos, comissários e pessoal de terra muitas vezes acabam falando “avionês” com passageiros e visitantes nas aeronaves e aeroportos.
Para ajudar a entender o que acontece do outro lado do balcão, Airway decifrou alguns termos dessa língua tão particular:
Aproximação final: essa é até fácil de entender, mas não custa explicar que se trata da fase em que o avião está descendo já no sentido do aeroporto de destino, em inglês “final approach”.
ATC: Air Traffic Control, ou controle de tráfego aéreo.
CB: Cumulus Nimbus, a temida formação de nuvens de chuva e raios.
Crosscheck: é um pedido do comandante ou do piloto para que a tripulação verifique o que a outra executou e vice-versa. Uma forma de se certificar de que algo foi feito corretamente.
Dep: pessoal de terra dizendo que o voo está decolando (departure).
Estol: é a perda de sustentação da aeronave (em inglês ‘stall’). Já foi aportuguesado para o verbo ‘estolar’, em outras palavras, quando o avião perde a capacidade de voar.
ETA e ETD: essas siglas significa quais são os horários de pouso e decolagem previstos – Estimated Time of Arrival (tempo estimado de chegada) e Estimated Time of Departure (tempo estimado de partida).
Final para pouso: outra forma de explicar que o avião está quase pousando.
Flight deck: não é comum mas pode escapar de um ou outro piloto. Nada mais é do que a cabine de comando ou cockpit do avião.
Mach: é a medida da velocidade do som e foi criada pelo físico austríaco Ernst Mach. Diferentemente do quilômetro por hora, o Mach varia conforme a altitude e a pressão já que o som se propaga de forma diferente dependendo dessas condições. Quando um piloto ou painel de informações mostra um avião voando a Mach 0,87, por exemplo, significa 87% da velocidade do som naquela situação. A 35 mil pés (10.668 m), a velocidade do som é de 1.063 km/h enquanto ao nível do mar com 27ºC é de aproximadamente 1.225 km/h.
Mayday: código internacional de socorro por rádio.
Non-stop: voo sem escalas.
Nível de voo: geralmente os pilotos repassam a informação de altitude para metros, porém, há quem informe também em pés, que é a medida usada na aviação. Um pé é equivalente a 30,5 cm aproximadamente. Ou seja, se um avião voa a 30.500 pés ele está a 10 mil metros de altitude.
Nós: o mesmo que milha náutica que é diferente da milha terrestre – Em inglês se escreve ‘knots’. Uma milha náutica equivale a 1.852 metros, portanto, se um avião voa 500 nós está a 926 km/h.
Pax: é uma abreviação para a palavra passageiro.
Primeiro oficial: embora nenhum piloto de companhia aérea seja militar, as tripulações seguem um padrão semelhante de hierarquia. Em inglês o comandante do avião é o ‘capitão’ e seu co-piloto o ‘primeiro oficial’.
Rampa de pouso: embora alguns procedimentos ainda sejam num perfil “escadinha” (quando o avião desce de altitude aos poucos) tem-se uma rampa imaginária ao se aproximar para pouso num aeroporto.
Touchdown: não se trata da mesma explicação do futebol americano, mas não deixa de ser um “touchdown”: é o momento do toque da aeronave no pouso.
Trem baixado e travado: não, não se trata de uma brincadeira com os mineiros. De fato, o conjunto de rodas e pneus e sua estrutura (às vezes retrátil, às vezes fixa) é chamado de ‘trem de pouso’. Quando ele está estendido e pronto para o toque na pista podemos escutar um piloto dizer “trem baixado e travado”. Curiosamente, se fosse traduzido literalmente do inglês, seria “engrenagem de pouso”, talvez uma explicação mais objetiva.
Zulu: é quando se fala um horário na fuso de Greenwich, ou seja, 3 horas a mais que no horário de Brasília.
Airway seria a “estrada”.
Excelente Ricardo! Sou da aviação, li toda a matéria e percebi que aquilo que pra nós é rotineiro pode não fazer sentido nenhum pra maioria. Parabéns pela meticulosidade em cada matéria publicada, continue assim!!
Faltou alguns como, por exemplo, “portas em automático”.
portas em automático significa que o mecanismo de “deflag” do escorrega inflável está ativado. Caso a porta seja aberta a rampa inflável será automaticamente lançada.
Duro mesmo é entender o “ingrês” da maioria dos pilotos e comissário(a)s quando fazem comunicações aos passageiros. É para ninguém entender mesmo! Parece uma descarga de privada! Acho que nem eles mesmo entendem o que estão falando!
O trem de pouso tem esse nome porque Santos Dumont era mineiro.
O Stall ( estol ) não está totalmente correto. Avião ele não perde a capacidade de voar, ele estará sempre voando até que toque o solo. O Stall é quando o avião perde a sustentação nas asas que o faz se manter em voo tecnicamente reto. Sendo assim, sem sustentação, ele começa a cair, sim ele cai, pois não tem pressão do ar suficiente na asa para se sustentar no ar, mas se estiver em uma altitude considerável logo se recupera facilmente. Procurem vídeos no YouTube de um avião estolando e se recuperando que entenderão.
É claro que, muitos, mas mesmo muitos outros termos faltam aqui referir, mas creio que nem era essa a pretensão do Sr. Ricardo Meier.
Aviónico, Reformado da TAP Air Portugal
Um grande abraço
Uma coisa que pouca gente (que não seja da área) sabe é o horário mostrado para partida nos aeroportos …. Ele é :
(1) Quando a porta da aeronave fecha
(2) Quando a aeronave se movimenta
(3) Quando a aeronave está liberada pela Torre para decolar
(4) Quando o trem de pouso se afasta do solo
Tecnicamente conhecido como EOBT
Respondo amanhã ….