A companhia aérea regional VoePass (antiga Passaredo) passa por uma situação preocupante após perder quatro aeronaves em menos de seis meses.
A situação mais grave e notória foi a queda do ATR 72-500 PS-VPB em agosto passado que vitimou 62 ocupantes, mas desde aquela época alguns sinais de crise financeira surgiram.
Cinco dias antes do acidente, o ATR 72-600 PR-PDX realizou seu último voo até Ribeirão Preto, onde fica a sede da empresa, e lá ficou estacionado desde então.
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Em 7 de dezembro, outro ATR 72 com menos de dois anos em serviço foi retirado da frota e preparado para devolução ao arrendador, a NAC.
A aeronave (PS-VPA) estava voando para a Suécia na quinta-feira, 23, onde será entregue à Braathens Regional Airways.
Por fim, no último dia 4 o ATR 72-600 PR-PDZ concluiu o voo entre Recife e Ribeirão Preto e desde então está estacionado ao lado do PR-PDX.
Ambas as aeronaves foram arrestadas na Justiça por falta de pagamento do leasing desde abril passado, segundo uma decisão liminar da 12ª Vara Cível de Ribeirão Preto.
Aviões canibalizados
Imagens que circulam em redes sociais mostram os dois turboélices vigiados por seguranças no Aeroporto Leite Lopes, porém, sem vários componentes.
Entre os itens que estão faltando estão o radome do radar, portas do trem de pouso, carenagens, antenas e aparentemente até motores, um indício que essas peças podem ter sido usadas em outras aeronaves, a chamada ‘canibalização’.
Sem os quatro turboélices, a VoePass tem oficialmente uma frota de 11 aviões, sendo dois ATR 42 e nove ATR 72, mas apenas sete deles estavam ativos no dia em que este artigo foi publicado.
Há um único ATR 72-600 (PS-VPE), o mais recente recebido, cinco ATR 72-500 com idades bastante elevadas e um ATR 42-500 com 25 anos e que opera com a MAP Linhas Aéreas na região amazônica.
Modelo | Matrícula | Status | Obs. |
---|---|---|---|
ATR 42-500 | PR-PDP | em serviço | MAP |
ATR 42-500 | PR-PDS | fora de serviço | Último voo – 26/8/2024 |
ATR 72-500 | PR-PDT | em serviço | Voo Recife-Noronha |
ATR 72-500 | PR-PDW | em serviço | Pintura retrô |
ATR 72-500 | PR-PDY | em serviço | |
ATR 72-500 | PR-PTM | fora de serviço | Último voo – 17/6/2024 |
ATR 72-500 | PR-PTN | fora de serviço | Último voo – 21/7/2024 |
ATR 72-500 | PR-PTO | em serviço | |
ATR 72-500 | PR-PTP | fora de serviço | Último voo – 28/9/2022 |
ATR 72-500 | PR-PTQ | em serviço | |
ATR 72-600 | PS-VPE | em serviço |
Fonte: Planespotters e FR24
Todas as quatro aeronaves desativadas estão paradas em Ribeirão Preto, uma delas (PP-PTP) sem voar desde 28 de setembro de 2022.
Os outros três ATR, por sua vez, foram sacados de serviço no ano passado mas em sequência: o PP-PTM em junho, o PP-PTN em julho e o PR-PDS em 26 de agosto, 17 dias após a queda do PS-VPB.
Em nota ao site Metropoles, a VoePass afirmou que os aviões afastados estavam passando por manutenção e seriam devolvidos aos arrendadores. Além disso, a empresa aérea minimizou o impacto nos voos previstos.
Como é perverso o ambiente para aqueles que se aventuram a criar uma empresa aérea no país; não me refiro somente aos problemas enfrentados atualmente pela Voepass, Azul e Gol também enfrentam problemas parecidos. Raramente uma empresa aérea dura mais de 20 anos e as que ultrapassam esse período vivem longas crise. Passou da hora dos governantes verem com “outros olhos” o modal aéreo e oferecerem condições para que as empresas criadas possam ser longevas, como acontece em muitos países.