A Lockheed Martin e a NASA apresentaram na sexta-feira, 12 de janeiro, o X-59, aeronave experimental que tem como objetivo possibilitar voos supersônicos de passageiros.
Sim, o Concorde já fez isso antes e a startup Boom Supersonic está desenvolvendo um jato comercial supersônico de 70 lugares com previsão de estreia ainda nesta década, mas o X-59 tem algo que nenhum deles possui, a capacidade de voar acima da velocidade do som sem fazer muito barulho.
Como se vê, o desafio para os aviões comerciais supersônicos não está na velocidade, já que há décadas vários jatos militares quebram a barreira do som rotineiramente.
O problema, no entanto, ocorre num cenário em que centenas de aeronaves comerciais estejam voando sobre áreas povoadas, gerando um ruído constante enquanto se deslocam mais rápido que o som.
É, portanto, o “boom” supersônico que torna a viagem aérea um evento mais lento e restrito do que poderia ser. E o X-59 pode acabar com essa limitação.
O programa, chamado de Quiet Supersonic Transport (Transporte Supersônico Silencioso), foi lançado pela NASA em 2016 quando a agência espacial escolheu a Lockheed Martin para desenvolver uma aeronave experimental que incorporasse vários estudos para minimizar o estrondo suspersônico.
A fabricante escalou a divisão Skunk Works, famosa pelos aviões secretos como o U-2 e o SR-71, para construir a aeronave. Por questões econômicas e de agilidade, o X-59 utiliza partes de outras aeronaves como os caças F-15, F/A-18, F-16 e o treinador T-38.
Ainda assim é pouco perceptível qualquer semelhança do jato supersônico com esses aviões. Isso porque boa parte das soluções a serem testadas está justamente na forma do X-59, a começar com seu enorme nariz, que responde por metade do seu comprimento.
É essa configuração que faz com que o “boom supersônico” seja suavizado ao atrasar sua ocorrência. O jato da Lockheed Martin também usa um único motor GE F414 com pós-combustor instalado na cauda e acima da fuselagem, de forma a evitar ondas de choque adicionais.
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O X-59 tem ainda uma configuração de superfícies de voo inusitada, com asas delta, estabilizadores horizontais e canards e uma pequena cauda em T.
Mas outra diferença fundamental na aeronave é a ausência de um para-brisa, substituído por um sistema de câmeras e telas de alta definição.
Voos de avaliação sobre cidades dos EUA
A partir de agora, as equipes do projeto passarão para as próximas etapas de preparação para o primeiro voo: testes de sistemas integrados, funcionamento do motor e testes de táxi para o X-59.
Segundo a NASA, o X-59 voará pela primeira vez ainda em 2024 e então cumprirá uma rotina de testes no ar por nove meses, quando serão colhidos dados de sua performance, a fim de confirmar os objetivos estabelecidos no programa.
Posteriormente, a agência espacial dos EUA realizará voos sobre várias cidades do país, coletando informações sobre o som gerado pelo X-59 e também a percepção das pessoas no solo, um processo que deve levar cerca de três anos.
Capaz de voar a Mach 1.4, o X-59 tem potencial para ajudar projetos de aeronaves comerciais a reduzir pela metade o tempo de voo em distâncias de 4.000 km ou mais.
Segundo a Lockheed Martin, a tecnologia trazida por ele pode estrear na aviação comercial já em 2032.
Imagine poder viajar para os Estados Unidos ou Europa logo pela manhã e chegar ao destino na hora do almoço. Por isso é bom torcer para que a tecnologia do X-59 seja de fato bem sucedida.